quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gilmar Mendes: estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de centralizar a divulgação de informações falsas sobre ele. Ele voltou a negar que tenha recebido ajuda financeira ou operacional do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO, atualmente sem partido) para custear a viagem para Alemanha. O ministro afirmou que é vítima de uma "armação". Para ele, quem divulgou informações supostamente falsas a seu respeito estaria interessado em "melar" o julgamento do mensalão.
“Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio presidente”, afirmou Gilmar. O ministro deu a entender que votaria pela absolvição dos réus - como fez no julgamento de outras ações penais no STF.
“O objetivo era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção. Tentaram fazer isso com o Gurgel (Roberto, procurador-geral da República) e estão tentando fazer isso agora. Porque desde o começo eu assumi e não era para efeito de condenação. Todos vocês conhecem as minhas posições em matéria penal. Eu tenho combatido aqui o populismo judicial e o populismo penal. Mas por que eu defendo o julgamento? Porque nós vamos ficar desmoralizados se não o fizermos”, afirmou.
O ministro mostrou à imprensa o extrato de seu cartão de crédito com a comprovação de que saiu do bolso dele o dinheiro para pagar uma viagem à Alemanha em abril de 2011. Ele chamou de "gangsterismo" e de "molecagem" a atitude de pessoas que levantaram suspeitas sobre o custeio da viagem à Alemanha. “Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Até trouxe para vocês [documentos] para encerrar esse negócio. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gangsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos. Bandidos. Bandidos que ficam plantando essas informações”, declarou, com raiva.
Carona
Gilmar também admitiu que viajou para Goiânia em um jatinho a convite de Demóstenes por duas vezes. A primeira foi em 2010, para atender ao convite de um jantar. Ele teria sido acompanhado do colega Dias Toffoli e do ex-ministro do STF Nelson Jobim. A segunda viagem foi em 2011 para comparecer a uma formatura da qual era paraninfo. Toffoli e a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também teriam ido. As viagens teriam sido feitas em aviões de uma empresa de taxi aéreo chamada Voar.
“Vamos dizer que o Demóstenes me oferecesse uma carona num avião se ele tivesse. Teria algo de anormal? Eu fui duas vezes a Goiânia a convite do Demóstenes. Uma vez com o Jobim e o Toffoli. E outra vez com Toffoli e a ministra Fátima Nancy. Avião que ele colocou a disposição. Eu não estava escondendo nada. Por que esse tipo de notícia? Vamos dizer que eu tivesse pego um avião se ele tivesse me oferecido. Eu teria algum envolvimento com o eventual malfeito dele? Que negócio é esse? Grupo de chantagistas, bandidos. Desrespeitosos”, disse.
O ministro contou que desde 1979 vai sempre à Alemanha. Recentemente, as idas são frequentes porque a filha dele mora lá e porque dá aulas. Ele deixou claro que tem dinheiro suficiente para pagar suas viagens. “Eu preciso que alguém pague a minha passagem, gente? O meu livro "Curso de Direito Constitucional" vendeu de 2007 até agora 80 mil exemplares. Dava para dar algumas voltas ao mundo. Não é viagem a Berlim. Vamos parar de conversa. Eu não preciso ficar me apropriando de fundo sindical e nem de dinheiro de empresa”.
Segundo o ministro, ele e Demóstenes eram amigos e também mantinham estreita colaboração sobre projetos apresentados pelo senador. Depois que as denúncias vieram à tona, eles teriam rompido relações.
Gilmar manteve sua versão à revista "Veja" de que, em encontro reservado, Lula teria pedido para que fosse adiado o julgamento do mensalão. Em troca, ele forneceria ao ministro blindagem na CPI do Cachoeira por conta das suspeitas levantadas sobre a viagem à Alemanha. Jobim, que também estava no encontro, negou a versão de Gilmar. “Se eu fosse Juruna, eu gravava a conversa, né? Ficaria interessantíssimo”, provocou.

Hamas e Fatah negociação de governo de unidade palestino

As principais facções palestinas, a nacionalista Fatah (que governa a Cisjordânia) e a islamita Hamas (que controla Gaza), iniciaram nesta terça-feira negociações para formar um governo de unidade que organize eleições em um prazo de seis meses, informaram à agência EFE fontes oficiais em Ramallah.
"As delegações dos dois partidos tiveram hoje sua primeira reunião no Cairo e continuarão se reunindo nos próximos dias até chegarem a um acordo", explicou uma fonte da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em Ramallah.
O diálogo começou um dia após o Hamas permitir a volta do funcionamento dos escritórios da Comissão Eleitoral Central palestina em Gaza. Os islamitas impediam o trabalho da comissão desde o início dos confrontos com o Fatah, após a tomada do poder na faixa em junho de 2007.
"Os representantes do Fatah e Hamas levaram ao Cairo listas com os nomes das pessoas que defendem uma formação do governo. Eles terão que concordar com uma lista definitiva em breve, mas pode ser que não alcancem nos dez dias estipulados e necessitem de mais tempo", disse um alto cargo, que não quis ser identificado, à agência EFE.
Segundo a fonte, entre os obstáculos está a insistência do Hamas de que algum de seus membros seja nomeado vice-presidente, condição que o Fatah rejeita. Em contrapartida, o Fatah, liderado pelo presidente, Mahmoud Abbas, também rejeita o pedido do Hamas de que pessoas designadas pelo grupo comandem alguns dos principais ministérios.
Se não houver atrasos, Abbas deve anunciar a formação do executivo em 6 de junho. Abbas e o líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, assinaram um acordo de reconciliação em maio de 2011 no Cairo, reiterado em fevereiro em Doha, mas a situação no terreno permaneceu estagnada até agora sem novos avanços rumo à unidade.
Segundo o pacto, as facções teriam que criar um governo de unidade que organizasse pleitos gerais e presidenciais nos territórios palestinos antes do maio. A formação desse executivo de transição deverá pôr fim daqui a seis meses à divisão política e à ausência de legitimidade das principais instituições palestinas.
O Parlamento palestino permanece inativo há cinco anos, enquanto o Executivo está divido em dois governos diferentes (em Gaza e Cisjordânia) e Abbas exerce a Presidência embora seu mandato tenha expirado há mais de três anos.
As últimas eleições palestinas, em 2006, levaram ao poder o Hamas. Mas houve um boicote da comunidade internacional ao governo eleito. Nas presidenciais de 2006, Abbas ganhou após o Hamas se abster de apresentar a um candidato.

BluePex : Brasil precisa produzir seu próprio antivírus

São Paulo – A BluePex é uma pequena empresa de soluções de segurança, com sede na cidade de Campinas, interior de São Paulo. No final do ano passado, ela ganhou uma grande missão: desenvolver um antivírus 100% nacional capaz de proteger os 60 mil computadores do Exército Brasileiro.

Ulisses Penteado, gerente de operações da BluePex, é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do software de segurança, chamado AvWare Defesa BR. Quando alguém lhe pergunta se isso não é um negócio arriscado, já que existem empresas famosas e com soluções bem estabelecidas no mercado, ele não titubeia e diz: `Não quando o parceiro é o Exército Brasileiro`.

Nesta entrevista, ele conta quais são os desafios para vencer essa missão. E, principalmente, como ele vai tentar transformar o antivírus num sucesso e deixá-lo entre os cinco mais vendidos do país.
Como transformar um produto com menos de dois anos de vida em um software capaz de proteger computadores com informações delicadas e críticas, como os do Exército?

O software realmente é novo, principalmente quando comparado às soluções tradicionais do mercado. Mas com a parceria do Exército, a BluePex segue finalmente o caminho que muitas empresas de antivírus trilharam: o de poder trabalhar em conjunto com grandes especialistas, que são muito bem preparados e capacitados em desenvolvimento de sistemas fortes e resistentes a ataques digitais. Com o apoio deles, o AvWare Defesa BR passa por testes avançadíssimos que medem sua capacidade de proteção. Por causa desses processos, o software está muito aprimorado e avançou muito em relação às suas primeiras versões. É um software diferente, diria. Já se encontra num nível similar e, dependendo do ponto de vista, até mais avançado do que os estrangeiros.
Qual tecnologia o faz diferente dos antivírus tradicionais e de empresas multinacionais?
O AvWare Defesa BR é obviamente preparado para detectar vírus de todos os tipos. Só que ele tem uma grande base capaz de detectar vírus que só costumam circular pelos computadores brasileiros e que, geralmente, visam a informações bancárias ou a roubo de informações. Além disso, ele tem um módulo de captura remota de telas. A solução pode interessar a empresas que precisam monitorar seus empregados.
Como vocês ganharam a licitação do Exército?

Para a licitação de software de segurança de PCs, o Exército colocou no edital que a empresa fornecedora de antivírus deveria ser obrigatoriamente brasileira. E que a tecnologia também deveria ser. A BluePex e mais uma empresa se qualificaram para a disputa. No final, a gente acabou levando a licitação, no valor de 800 mil reais, por termos atendido os requisitos. Temos até o final deste ano para instalar o AvWare Defesa BR nas 60 mil máquinas do Exército. No momento, ele roda em alguns computadores, já que está em processo de homologação.
E quais os desafios desse projeto?

Eu diria que é deixar o AvWare redondo, ou seja, com uma interface intuitiva, rápido e muito eficiente na proteção. Ele terá que funcionar bem em um parque de computadores com diversas configurações. E chegar ao ponto certo é um pouco trabalhoso, porque exige vários testes e levar em conta opiniões de diversos usuários. Mas como a equipe de tecnologia do Exército nos auxilia bastante, estamos conseguindo evoluir bem.
Por que o Exército preferiu uma solução nacional incipiente ao invés de uma solução já estabelecida no mercado?

O Exército Brasileiro quis uma empresa brasileira por dois motivos. O primeiro deles é para fomentar a tecnologia nacional. As Forças Armadas de qualquer país têm esse viés de desenvolver os vários ramos industriais. E com as brasileiras não é diferente. O segundo, e talvez mais importante deles, é que o exército não quer mais trabalhar com empresas estrangeiras. Elas, numa possível guerra cibernética, poderiam demorar para atender as demandas do Brasil. E, também, favorecer seus governantes – numa guerra, tudo pode acontecer. Outro motivo é que uma empresa nacional, como a BluePex, pode criar um centro de atendimento específico pra o Exército – desse modo, o suporte é rápido e o quartéis não vão precisar enviar arquivos infectados para serem analisados em outro país.
Como o Exército será capaz de ajudar a BluePex?

Ele já colabora com seu conhecimento para deixar o antivírus mais poderoso. E a ideia é usar essa parceria para dizer aos consumidores brasileiros que um software nacional protege os 60 mil computadores do Exército do país. Isso nos dá credibilidade e, obviamente, sensibiliza muito consumidor. Afinal, o Exército é um órgão que exige muita segurança e seriedade dos seus fornecedores. E com a gente não está sendo diferente.
A empresa espera chegar onde com o AvWare Defesa BR?

Com o contrato do Exército, a BluePex aprimorou bastante os seus processos para atender uma base grande de computadores que têm o antivírus. Até o ano passado, a gente não sabia muito bem como lidar com isso. Agora, estamos com servidores robustos, equipes treinadas e capacitadas, uma equipe de engenharia afinada para entregar um bom nível de serviço para os usuários do nosso antivírus. Isso nos dá confiança para encarar outras licitações públicas e oferecer nossa solução no mercado corporativo. Nossa ideia é estar, em pouco tempo, entre os cinco melhores antivírus do país.

Grã-Bretanha: Em breve: tanques de exército invisíveis

A estreia da tecnologia que permite que tanques fiquem invisíveis está prevista por volta de 2015.
Pesquisadores militares no Reino Unido estão trabalhando em tanques invisíveis a radares, um projeto que incorpora características de camuflagem. Os tanques teriam sensores que captariam imagens do ambiente e as mostrariam no exterior dos tanques, sendo atualizadas em tempo real.

A camuflagem eletrônica - que funciona na mesma maneira como a tinta da lula no fundo do mar - vai tornar os tanques literalmente indetectáveis em qualquer área de combate pode em ambiente desertico ou selva. Os tanques irão usar o "e camuflagem" para implantar uma "tinta eletrônica" em torno do carro. Os sensores embutidos no casco do tanque, então, projetar imagens semelhantes ao seu ambiente.
A tecnologia especial, chamada “e-camuflagem”, é parte do programa Future Protected Vehicle (Veículo Protegido do Futuro). O programa compreende sete novos veículos blindados e projetos de robôs destinados a missões perigosas, remoção de minas terrestres e resgate de membros do serviço militar.

Novo caça da Mitsubishi: o Espirito Divino que defende o Japão

A alternativa japonesa
No início de maio, o Japão encomendou os primeiros quatro caças F-35 norte-americanos. Nesta década, o Japão pretende comprar 42 máquinas deste tipo, continuando após 2020, mas esses planos podem mudar em caso de êxito no desenvolvimento de seu próprio caça japonês, que promete superar o F-35 no conjunto de características.
O novo avião japonês, desenvolvido no âmbito do programa ATD-X (Advanced Technology Demonstrator-X), é relativamente pouco conhecido, e até recentemente sua realização na prática era posta em questão.
O projeto de desenvolvimento foi iniciado em 2004, e ao mesmo tempo foi atribuído ao programa o código ATD-X: o novo avião era considerado um demonstrador de tecnologia, e não se falava da sua utilização prática.
Os voos do novo caça russo T-50 em janeiro de 2010 e do chinês J-20 um ano depois, deram um novo impulso ao trabalho dos japoneses. A incapacidade de adquirir caças F-22 junto com as perspectivas indefinidas (até agora) do F-35 e as capacidades limitadas dessa máquina, levaram as autoridades japonesas a aumentar o financiamento do projeto ATD-X.
Em março de 2012, a fábrica da Mitsubishi em Tobishima, perto da cidade de Nagoya, começou a montagem do primeiro protótipo do ATD-X para testes estáticos. No ano seguinte deve começar a construção de três protótipos voadores, e o primeiro voo do novo caça Mitsubishi, apelidado de Shinshin (a tradução mais próxima do sentido dos hieróglifos ?? que compõem seu nome é “espírito divino”), é esperado em 2014.
Como ultrapassar as limitações?
O caça F-35A que o Japão pode (e planeja) comprar nos EUA tem algumas limitações significativas. Em particular, ele não tem alta capacidade de manobra, tem uma velocidade de cruzeiro subsônica, não tem radar lateral. Em conjunto, isso leva muitos especialistas a avaliar o potencial do F-35 como menor mesmo em comparação com as atuais máquinas de série da geração 4++, como o Su-30MKI e o Su-35S, e como significativamente menor que o F-22 e, potencialmente, o T-50.
Entretanto, os adversários mais prováveis do Japão – a China e a Rússia – estão atualmente rearmado sua aviação com máquinas avançadas de quarta geração, e deverão receber aviões de quinta geração já nos próximos 10 anos. O potencial do projeto chinês J-20, por enquanto, é questionável, mas a probabilidade da força aérea chinesa de obter caças de quinta geração é uma ameaça bastante grande.
Assim, o projeto ATD-X deve dar à força aérea japonesa um novo avião que não terá as limitações do F-35 causadas pelo desejo de construir uma plataforma versátil que atenda aos requisitos de todos os tipos de aviação. Restrições financeiras e tecnológicas não têm muita importância – o Japão é um país bastante rico para poder se permitir até mesmo um caça muito caro, e seu nível tecnológico torna possível desenvolver em um período razoável de tempo todo o equipamento necessário para as novas máquinas, incluindo o motor.
Futuro provável
Tendo em conta o tempo que todos os estados com aviação geralmente levam para desenvolver equipamento militar, o novo caça japonês, se o primeiro voo for realizado em 2014, entrará em série limitada não antes de 2017-18, e em produção em massa – mais próximo de 2020-21. Por esta altura, o Japão irá receber caças F-35 de combate, que entrarão em serviço da força aérea em 2016. Se as características do “Espírito divino” forem bastante altas, no futuro, o Japão poderá deixar de comprar F-35 em larga escala, fazendo uma aposta em sua própria indústria aeronáutica.
Além disso, se o Japão conseguir desenvolver seu próprio motor e tornar o projeto totalmente independente do fornecimento de peças críticas, será possível também sua exportação – pelo menos para diminuir o preço de uma unidade com o aumento dos volumes de produção

terça-feira, 29 de maio de 2012

ex-presidente-plantava-coisas-falsas-diz-gilmar

O ministro do STF, Gilmar Mendes, disse na noite de ontem, em Manaus (AM), que decidiu revelar a conversa que teve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque estava sendo alvo de informações 'plantadas' envolvendo sua relação com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO).
'O que me fez crescer a convicção de que havia algo de errado foi a informação que me veio de pessoas confiáveis de que essas informações estavam sendo plantadas, inclusive com a participação do (ex) presidente. Aí me preocupou', disse Mendes, que participou de evento realizado pela Escola Superior de Magistratura do Amazonas. Ele repetiu, conforme sua versão, que se sentiu constrangido com o fato de Lula insistir no tema CPI do Cachoeira e fazer menção ao encontro com o senador em Berlim. 'Eu estranhei. Não era a relação que nós tínhamos há tantos anos. E era algo atípico. O (Nelson) Jobim estava presente e neste momento complementou: 'O que ele tá querendo dizer é que o deputado Protógenes (Queiroz) pode estar querendo levá-lo à CPI'. E eu ainda ironizei: 'A essa altura, com o que tem aparecido sobre o deputado Protógenes, ele está é precisando de proteção na CPI''.
O ministro garantiu que teve 'relação estritamente profissional' com Demóstenes, 'Quanto aos seus malfeitos, eu não tenho parte nisso.' Ele disse que denunciou a conversa com Lula para evitar qualquer tipo de 'abuso'.
'Não pode fonte oficial, um parlamentar, um ex-presidente da República, um ministro da Justiça, veicular coisas falsas, isso não pode ocorrer', afirmou.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Coreia do Sul: A revanche do tigre


Manuela Aragão
Falta muito pouco para os sul-coreanos ficarem mais ricos que os japoneses. Dentro de cinco anos, o PIB per capital da Coreia do Sul, calculado considerando o índice de custo de vida, deve ultrapassar o do Japão, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional. Será uma virada histórica para o país que, durante quatro décadas, foi colônia nipônica.

Foi um período de grande sofrimento, em que milhares de coreanas foram obrigadas a servir de escravas sexuais dos invasores. Depois da rendição do Japão aos aliados, em 1945, o que pôs fim à II Guerra Mundial, a Coreia recuperou brevemente sua autonomia. Foco de tensão na Guerra Fria entre soviéticos seus aliados chineses e os americanos, a Península da Coreia foi palco de uma guerra na década de 50. O conflito terminou em julho de 1953, com o armistício sendo conquistado ao custo da divisão do país em Coreia do Norte (comunista) e Coreia do Sul (capitalista), ambas paupérrimas, com indicadores socioeconômicos de padrão africano.

Como se sabe, a Coreia do Norte entrou em uma longa hibernação e, submetida a uma dinastia de ditadores sustentados pelo poder militar, continua mantendo seu povo em condições sub-humanas. A Coreia do Sul progrediu velozmente com um modelo de capitalismo exportador, forte ênfase na educação de alta qualidade e abrupto aumento da qualidade de vida da população.

Conglomerados sul-coreanos como Samsung, LG e Hyundai conquistaram mercados em todo o mundo. A educação tornou-se modelo de sucesso. Uma criança sul-coreana estuda, em média, sete horas por dia. Professores são premiados segundo o rendimento dos seus alunos. Universidades cobram mensalidades e contam com ajuda financeira das empresas, interessadas em preencher seus quadros com os estudantes mais brilhantes.

Nos anos 80, o imenso progresso social e econômico da Coreia do Sul chamou a atenção do mundo. O país tornou-se o mais vistoso dos tigres asiáticos. Nessa mesma década, a menos de 200 quilômetros de distância, o Japão, que emergira como a grande potência asiática do pós-guerra, chegando ao posto de segunda maior economia do mundo, começava a declinar.

O modelo exportador japonês criou enorme riqueza e elevou o padrão de vida dos japoneses a níveis extraordinários, mas a excessiva valorização cambial evoluiu para uma bolha especulativa que se materializou principalmente nos salários e no ramo imobiliário. No começo dos anos 90, o terreno do Palácio Imperial em Tóquio custava em dólares mais do que todos os imóveis da Califórnia. Secretárias japonesas ofereciam lances maiores do que executivos americanos por casas luxuosas no Havaí.

Em 1992, a bolha estourou. A economia japonesa estagnou e, desde então, vem se arrastando com índices mínimos de crescimento. A crise mundial de 2007 e 2008 reduziu as exportações. Um de cada três dekasseguis, brasileiros que foram para a terra dos avós em busca de uma vida melhor, voltaram ao Brasil. No mesmo ano (2011) em que um terremoto seguido de tsunami quase provocou uma tragédia nuclear em Fukushima, o Japão perdeu o posto de segunda maior economia para a China.

A afluência da ex-colônia japonesa, a Coreia do Sul, tem como corolário a valorização da cultura do país na região. Embora Singapura, Taiwan e Hong Kong também tenham ultrapassado o Japão em PIB per capita, a voz e o rosto dos artistas de maior sucesso nesses países são de origem coreana. O tigre coreano, finalmente, deu o salto definitivo rumo a um futuro de paz e prosperidade.

Lula diz estar "indignado" e nega tentativa de interferência no STF

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (28) estar indignado com a reportagem da revista "Veja" na qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirma ter ouvido do petista pedido de adiamento do julgamento do mensalão. "Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota.
Segundo a revista, Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro apoiaria o adiamento do julgamento.
De acordo com a nota de Lula, a versão da revista sobre o teor da conversa é inverídica. O ex-presidente afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da Procuradoria-Geral da República nos oito anos em que foi presidente, inclusive na ação penal do mensalão.
"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
A reunião ocorreu no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-ministro do Supremo. Lula disse a Mendes, segundo a "Veja", que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado na CPI. Jobim confirmou o encontro em seu escritório, mas negou o teor.
Leia a nota
"Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação a ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público."

Vaticano nega que cardeal tenha vazado documentos secretos

O Vaticano negou nesta segunda-feira a presença de um cardeal entre os responsáveis por vazar documentos secretos, por meio de uma declaração do porta-voz do Papa, o padre Federico Lombardi. "Desminto categoricamente que se suspeite de um cardeal, italiano ou não", declarou Lombardi à imprensa.
"Nenhum cardeal italiano está sendo investigado e, muito menos, uma mulher, como escreveu a imprensa", explicou, acrescentando que "os interrogatórios prosseguem. Muitas pessoas foram interrogadas na Cúria e nos vários dicastérios (ministérios) pela comissão de cardeais formada pelo Papa".
Segundo a imprensa italiana, um cardeal está entre as pessoas que vazaram documentos secretos da Santa Sé e teria sido o responsável de manipular Paolo Gabriele, o mordomo do papa Bento XVI detido na quarta-feira, que seria apenas um executor.
"Um cardeal guiou o 'corvo' (a pessoa que vazou os documentos)", era a manchete do jornal romano Il Messaggero, enquanto o grande jornal milanês Corriere della Sera indicou que havia "um cardeal entre os informantes anônimos".
A guarda do Vaticano prendeu Gabriele e encontrou documentos confidenciais em sua casa, aproximadamente um mês depois da criação de uma comissão de investigação para esclarecer as indiscrições que desde janeiro afetam o pequeno Estado.
Um livro publicado há oito dias na Itália contém um número sem precedentes de documentos confidenciais sobre diversos debates internos do Vaticano, como a situação fiscal da Igreja ou os escândalos de pedofilia dentro do movimento dos Legionários de Cristo.
Estes documentos revelam as disputas e rancores que existem entre diversos cardeais e autoridades, que acusam uns aos outros e depois recorrem ao Papa para dirimir os conflitos.
Um dos informantes anônimos, interrogado pelo periódico La Repubblica, considera que a pessoa que organizou os vazamentos "atua em favor do Papa".
"O objetivo dos autores anônimos é revelar a corrupção que existe na Igreja nos últimos anos", segundo esta fonte.
"Os verdadeiros cérebros são os cardeais. E depois há monsenhores, secretários e peixes menores", acrescentou.
Entre os infiltrados, "estão os que se opõem ao cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, os que pensam que Bento XVI é muito fraco para dirigir a Igreja, e os que acham que é o momento oportuno para se destacar", disse a mesma fonte anônima.
Segundo esta pessoa, citada pelo Repubblica, o Papa sentiu muito a destituição na quinta-feira do presidente do banco do Vaticano IOR, Ettore Gotti Tedeschi, a quem apreciava muito, a ponto de chorar, passando a reagir com raiva, dizendo que "a verdade virá à tona".
Gotti Tedeschi foi destituído por sua gestão, mas também, segundo fontes vaticanas, porque havia divulgado fora da Santa Sé alguns documentos relativos ao banco.
Segundo os especialistas italianos em assuntos vaticanos citados pela imprensa, o mordomo Paolo Gabriele, um homem que sempre se mostrou muito apegado ao Papa, não parece ser capaz de organizar sozinho o vazamento coordenado de documentos, batizado de "Vatileaks

Polícia paraguaia prende líder de protestos contra "brasiguaios"

A polícia do Paraguai deteve nesta segunda-feira um dos dirigentes de um grupo de camponeses sem-terra que exigem ao governo a entrega de terras de produtores "brasiguaios" - brasileiros que vivem no Paraguai - na região produtora de soja de Ñacunday.
O detido pela polícia é Victoriano López, dirigente de um grupo de camponeses denominados "carperos" - agricultores que vivem em barracas nas terras que pretendem ocupar -, que exigem a entrega de terras supostamente adjudicadas de maneira irregular a produtores brasileiros durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).
López, de 49 anos, foi preso por ordem do juiz Cleto Quintana pelas acusações de invasão de imóveis e coação em Ñacunday, na fronteira com o Brasil, informou a polícia em comunicado.
O dirigente, que era considerado foragido da Justiça, foi detido em frente à sede do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), organismo responsável pelo controle e distribuição das terras no país, onde pretendia manter uma reunião com os encarregados do organismo.
López foi detido por agentes do departamento de Investigação de Delitos da Polícia, que anunciaram que o dirigente será transferido nas próximas horas à penitenciária de Ciudad del Este, justo na fronteira com a cidade brasileira de Foz do Iguaçu (PR).
O líder dos "carperos" tinha dito aos jornalistas em fevereiro passado que os sem-terra manteriam os protestos na região de Ñacunday, que se intensificaram em meados de 2011, à espera de uma resposta definitiva do governo a suas reivindicações.
Os "carperos" exigem parte das terras que o fazendeiro brasileiro Tranquilo Favero, principal produtor individual de soja do país, arrenda a trabalhadores "brasiguaios" nessa região fronteiriça para o cultivo da soja, principal fonte de renda do Paraguai.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Polícia Civil terá contas auditadas e estrutura modificada

O governador Beto Richa (PSDB) anunciou ontem uma auditoria nas contas da Polícia Civil e a reorganização de toda a estrutura administrativa da corporação. Em síntese, trata-se de uma intervenção, já que a auditagem do fundo rotativo e o novo desenho organizacional da instituição ficarão a cargo de uma empresa privada a ser contratada por meio de licitação. Ao mesmo tempo, o governador prometeu rigor nas investigações das irregularidades apresentadas pela série de reportagens iniciada no domingo pela Gazeta do Povo. A Assembleia Legislativa, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado também vão investigar as denúncias (leia mais nesta página).
O secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, detalhou que o objetivo é que a empresa terceirizada “repense” o “desenho organizacional”, os procedimentos e atos de gestão da Polícia Civil. Ao mesmo tempo, a contratada deve fazer uma auditoria nas contas da corporação, principalmente no fundo rotativo. A Gazeta do Povo mostrou casos de delegacias fantasmas que continuam recebendo recursos do fundo. Segundo o governador, o edital de licitação para a contratação da empresa que fará o planejamento será publicado nas próximas semanas. Nas palavras do governador, a Polícia Civil vai passar por “uma reestruturação administrativa completa”.
A princípio, não haverá substituições de delegados que comandam a Polícia Civil, mas as mudanças também podem chegar ao comando da corporação. “Todos, desde o mais simples servidor que possa ter tido uma participação nessa questão do fundo rotativo até o mais graduado delegado de polícia, ninguém vai escapar dessa investigação”, assegurou Richa. “Se houver necessidade de trocar cargos, seja em qual estrutura for, é evidente que isso acontecerá. Tão ou mais importante que a mudança de pessoas é a mudança de estrutura, mudança de procedimentos, é quebra de paradigmas”, complementou o secretário.
Para Almeida César, as denúncias apresentadas pela reportagem revelam um “caos” na segurança pública, alicerçado não só na estrutura organizacional da Polícia Civil, mas também na falta de investimento e no sucateamento das forças policiais do Paraná. “Tudo que foi publicado só reforça o que sentimos desde o primeiro dia: que há um profundo desmantelo da segurança pública. Municípios sem policiais, viaturas paradas, necessidade de se recompor as estruturas administrativas”, definiu.
Falhas históricas
O governador e o secretário atestaram que as suspeitas de irregularidades no fundo rotativo da Polícia Civil são um problema histórico. Há pelo menos15 anos já haviam sido identificados indícios de falhas nos repasses de recursos às delegacias do interior do estado. Entretanto, não foram divulgados detalhes dos casos. “Desde 1996 existe registro na Secretaria de Segurança de que existe reclamação, existe o próprio secretário da época apontando irregularidades na gestão desse fundo rotativo em várias regiões do estado”, apontou Richa.
O levantamento feito pela Gazeta do Povo considerou o período entre 2004 e 2011, intervalo sobre o qual há dados disponíveis no portal da Transparência do governo do estado. Uma equipe de jornalistas identificou valores excessivos para municípios pequenos e foi a campo para comprovar que o dinheiro saía das contas da Polícia Civil e não chegava ao destino, muitas vezes porque nem delegacia existia na cidade.
MP e TCE vão apurar os indícios de fraude
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vão investigar as denúncias publicadas na série de reportagens “Polícia Fora da Lei”, iniciada domingo pela Gazeta do Povo. O MP abrirá uma investigação na Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público no âmbito cível e criminal. Já o TCE tomou três medidas para comprovar as irregularidades e melhorar a fiscalização nas contas do fundo rotativo da Polícia Civil.
De acordo com o presiden­­te do TCE, conselheiro Fernando Guimarães, o tribunal abrirá procedimentos de responsabilização. Caso se comprovem as irregularidades, os delegados gestores do fundo poderão ter de devolver o dinheiro recebido. Além disso, Guimarães já determinou a realização de estudo para desenvolver a melhor forma de fiscalizar o dinheiro do fundo. Hoje, a prestação de contas dessa verba está inclusa nas contas da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
“A lei estabelece que esse fundo seja repassado para a delegacia. Essas pessoas que receberam o recurso retornam a prestação de contas para a secretaria. E a consolidação dessa prestação é encaminhada ao TC pela prestação anual da Sesp”, explica Guimarães. Pela proposta do conselheiro, a prestação de contas do fundo deve ser analisada de forma específica e não dentro das contas da secretaria.
Guimarães admite que as contas do fundo rotativo passaram pelo TCE sem que os auditores fossem checar o destino final dos recursos, nas delegacias. “No geral das contas da Sesp, o porcentual do fundo rotativo, não que seja irrelevante, mas é pequeno em relação às outras despesas. E, como temos dificuldades de recursos humanos e materiais, os inspetores não selecionaram como foco o fundo rotativo das delegacias”, justifica.
No entanto, ele diz não ter havido falha do TCE. “Houve uma priorização de outros aspectos. Por critério de relevância, não tivemos condições de estar em todas as pontas da execução desta especialidade (o fundo). O ideal é que estivéssemos em todos os lugares, mas é impossível.” A 5ª Inspetoria de Controle Externo do TCE, responsável pela análise das contas da Sesp, também ficou encarregada de iniciar uma investigação a partir do que foi apurado pela reportagem da Gazeta do Povo.
Para Guimarães, é preciso construir um sistema financeiro mais moderno, aliado a um bom controle interno. “Eu posso ver a dificuldade deles (da Sesp e da Polícia Civil). É conjuntural. É um problema de controle interno. Agora, depois de anos, é que o estado está implantando um sistema”.

Israel: presença crescente de imigrantes africanos gera polêmica

A presença de um grande contingente de imigrantes africanos tem gerado polêmica na maior cidade de Israel, Tel Aviv. Em busca de melhores condições de vida, mais de 60 mil cidadãos da Eritreia, Sudão e outros países do norte da África, já cruzaram irregularmente a fronteira entre Israel e Egito, caminhando através do deserto do Sinai.
O maior contingente se concentra em Tel Aviv, onde estima-se que já são 10% da população local de 400 mil habitantes. Para o governo israelense, tratam-se de imigrantes "ilegais em busca de trabalho". Mas para a ONU e algumas ONGs de direitos humanos, muitos poderiam se caracterizar como "refugiados políticos".
Muitos dos imigrantes enfrentam estigmas. O próprio ministro do Interior israelense, Eli Ishai, acusou os africanos de serem "criminosos" e disse que todos deveriam ser "presos e expulsos" de Israel. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, também entrou na polêmica ao dizer que o grande número de imigrantes ilegais é "um perigo para a segurança e para o caráter judaico e democrático do Estado de Israel".
Desamparo
Imigrantes africanos já são maioria nos bairros mais pobres de Tel Aviv, como Neve Shaanan e Shapira. Segundo organizações em defesa de direitos humanos, os imigrantes não têm recebido ajuda suficiente do governo. Sem moradia, muitos deles acabam dormindo ao relento em parques da cidade. ONGs, juntamente com a prefeitura da cidade tentam prestar alguma assistência aos imigrantes.
Gabriel Tekle, de 31 anos, é natural da Eritreia, onde estudava pedagogia na Universidade de Asmara, até a instituição ser fechada pelo regime militar do país. Ele foi então preso e obrigado a servir o Exército, onde prestou trabalhos forçados. Em 2006 conseguiu fugir para o Egito e, de lá, atravessou a fronteira para Israel, onde chegou em 2007.
"Nenhum representante do Estado de Israel falou comigo desde que cheguei", disse Tekle à BBC Brasil. "Se ouvissem a minha história entenderiam que sou um refugiado politico e que fugi do meu país porque estava correndo risco de vida".
Não é essa a percepção, no entanto, entre muitos moradores de Tel Aviv. Para Benny Ben Shlomo, dono de uma casa de câmbio em Neve Shaanan, os imigrantes em situação irregular deveriam ser "imediatamente expulsos". "Eles prejudicam os negócios no bairro, as pessoas têm medo de circular aqui por causa deles", acrescentou o comerciante.
Problema nacional
O governo local de Tel Aviv também reclama da falta de uma reposta nacional consistente ao problema. O vice-prefeito de Tel Aviv, Assaf Zamir, acusa de "negligência" o governo central.
"Não é justo que o problema dos refugiados caia sobre as costas da prefeitura e dos bairros mais pobres de Tel Aviv", afirmou Zamir. "Trata-se de um problema que deve ser tratado em nível nacional e não apenas municipal".
Nas últimas semanas houve dois casos de estupro de mulheres israelenses, nos quais os suspeitos são imigrantes da Eritréia, acirrando a discussão na sociedade israelense sobre a presença dos refugiados no país. Segundo o departamento de pesquisa do Parlamento israelense, no entanto, o índice médio de criminalidade entre o total de imigrantes em situação irregular é de 2,04%, enquanto o índice na população geral é de 4,99%.O comandante da policia, Yohanan Danino, disse que, para conter o aumento da criminalidade entre os imigrantes africanos, o Estado deve permitir que eles trabalhem para se sustentar. "Se não puderem trabalhar, o índice de roubos cometidos por eles vai certamente crescer", afirmou Danino.
"Queremos trabalhar", disse Gabriel Tekle, "somos pessoas dignas e não queremos favores de ninguém, só queremos sobreviver até que seja possivel retornar ao nosso país".
A presença dos imigrantes também conta com a aprovação de muitos cidadãos israelenses. Shimshon Djibo, dono de uma loja de roupas em Neve Shaanan, diz acreditar que os imigrantes "são pessoas boas, que não fazem mal a ninguém".
"Entre 60 mil há dois suspeitos de estupro, isso é razão para culpar todos eles?", perguntou Djibo.
Barreira
Israel é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados e, segundo as leis internacionais, está impedido de repatriar os imigrantes vindos da Eritreia e do Sudão, pois estes correriam risco de vida ao regressar a seus países.
O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu anunciou um plano para enfrentar o problema, que inclui a construção de uma cerca na fronteira com o Egito, que impedirá a entrada irregular de imigrantes no território israelense. Segundo o premiê, a cerca ficará pronta até outubro deste ano.
O plano também inclui a construção de um campo de detenção para imigrantes em situação irregular, no sul de Israel, que poderá abrigar cerca de 12 mil pessoas.
O secretário do gabinete, Tzvi Hauzer, também disse que o governo está estudando a possibilidade de negociar a transferência desses imigrantes para outros países.

A nova esquerda cibernética

LÁZARO GUIMARÃES
Magistrado e professor
Heróis ou terroristas, eis a questão posta pela jornalista Catherine Solyom, do Vancouver Sun, na introdução à longa entrevista com Christopher Doyon, líder da Frente de Libertação Popular, organização de hacker’s popularizados como “anônimos”, responsável pela quebra de sistemas de informação dos governos dos Estados Unidos, Rússia e até do Brasil.

Fugitivo da Justiça norte-americana, perante a qual responde pela prática de ataques ao sítio do condado de Santa Cruz, Califórnia, sujeito a sofrer pena de até 15 anos de prisão, Doyon procurou abrigo clandestino no Canadá, onde recebe ajuda de amigos para escapar do cerco policial.

Na sua opinião, o movimento, que começou como troca de informações sobre técnicas de interferência em redes de computadores, ganhou aspecto sério há dois anos, quando, a partir de contatos no Facebook, no Twitter e no Messenger, fomentou a revolta popular no Egito, depois na Tunísia, na Líbia e deslanchou a Primavera Árabe.

O líder dos anônimos afirma que já tem acesso a dados do governo dos Estados Unidos, classificados como secretos, obtidos mediante colaboração de funcionários, tal como o agente Bradley Manning, do Departamento de Estado, que vazou 250 mil comunicados diplomáticos, alguns bastante comprometedores. E vai divulgá-los oportunamente.

Eis uma relação de ataques recentes do grupo: no dia 9, derrubou o sítio do presidente Vladimir Putin na internet, em protesto contra supostas fraudes nas eleições de marco; no mesmo dia, atacou o sítio da Organização das Nações Unidas, acusada de ignorar a greve de fome dos palestinos detidos sem processo em Israel; em 24 de abril, o alvo foi o sítio do Ministério das Finanças da Grécia, em protesto contra a ameaça de congelamento de contas bancárias e de cartões de crédito; em 20 de abril, queda do sítio da Fórmula 1, por ignorar os protestos populares em Bahrain, nas vésperas da corrida.

Uma outra vertente da nova esquerda cibernética é o blog da jovem palestina Doa’ a Mheissin, de 16 anos, que se integrou ao movimento Girls for Change, exigindo respeito pelas mulheres, inclusive quanto à sua identificação, para que sejam ouvidas como indivíduos, e não apenas como mães de mártires ou de prisioneiros.

Em Gaza, mais de 120 moças estão envolvidas nesse programa, que pretende se estender ao Egito e à Líbia. A entidade já conta com meios para ministrar aulas sobre o desenvolvimento de blogs e de formação política. Outra importante ativista é Al-Waheide, também palestina, mas educada por oito anos no Canadá, uma das mentoras do movimento pela atribuição de poderes às mulheres.

Em Cuba, a blogueira Yoani Sanchez desafia as autoridades com denúncias de prisões arbitrárias e da imposição de sacrifícios exagerados à população, ganhando repercussão mundial.

Como se vê, a internet fez nascer um novo foco de atuação política, desvinculado de partidos ou de sindicatos, de geração espontânea e explosivo potencial de aglutinação e de reivindicação. Já não se trata dos efeitos da criação revolucionária de um pensador, como Locke para o liberalismo, ou Marx para o socialismo, cujas obras levaram bom tempo para a transformação em ideologia, mas do espocar de ideias disseminadas em tempo real por pessoas em permanente comunicação no plano mundial. As consequências da ação dessa nova esquerda já se fazem sentir por todo canto.

Israel está preocupado com transferência de tecnologias militares dos EUA para Brasil


Os Estados Unidos estão intensificando seus esforços no mercado de armas na América Latina, especialmente no Brasil, e eliminam restrições à transferência de tecnologias. Estes passos levantam preocupações em Israel, sendo que poderia criar grande problemas para indústria de defesa israelita, informa o Israel Defense.
Recentemente todos os ramos da indústria de defesa de Israel têm intencificando sua presença na Ámerica Latina devido à sua grande potencial comercial. Em particular, tal empresas como Elbit Systems e Rafael entraram no mercado e ainda adquiriram várias subsidiárias no Brasil.
Entretanto, uma eliminação de restrições à transferência de tecnologias norte-americanas pode afetar negativamente o negócio dos fabricantes de sistemas de armas israelitas

Israel desmente que queira mobilizar tropas no Chipre


Israel desmentiu nesta segunda-feira informações da imprensa turca que indicavam que o país estudava mobilizar tropas na República do Chipre para proteger seus interesses energéticos na região, em um momento de tensões diplomáticas com a Turquia.
"Estas alegações são infundadas e não têm nada a ver com a realidade", indicou em um comunicado o Ministério israelense das Relações Exteriores apresentado pela embaixada de Israel em Ancara, acrescentando que "Israel nunca mobilizou tropas em solo exterior".
A agência de notícias oficial turca Anatolia informou durante o fim de semana, citando uma autoridade grego-cipriota, que Israel previa mobilizar 20 mil soldados no setor grego do Chipre para garantir a segurança de 30 mil funcionários e técnicos israelenses que foram trabalhar na região.
Os funcionários devem ser empregados nas explorações petrolíferas e de gás no litoral da ilha iniciadas no ano passado por Israel e pela República do Chipre, única entidade reconhecida internacionalmente na ilha, segundo a agência.
A Turquia manifestou em várias ocasiões sua oposição a estas explorações, que classifica de "ilegais", por considerar que a parte grego-cipriota não tem esse direito enquanto a ilha permanecer dividida, porque significa excluir os turco-cipriotas dos lucros dos recursos descobertos.
O Chipre está dividido desde 1974, depois que a Turquia invadiu o norte da ilha após um golpe de Estado apoiado por nacionalistas greco-cipriotas para unir o país à Grécia. A República Turca do Chipre do Norte, autoproclamada e instaurada no norte, é reconhecida apenas pela Turquia.
Já as relações entre a Turquia e o Estado hebreu ficaram tensas desde que os comandos israelenses mataram nove cidadãos turcos que tentaram romper o bloqueio de Gaza a bordo de uma embarcação turca carregada de ajuda humanitária em maio de 2010.

sábado, 19 de maio de 2012

LEÔNIDAS - Comissão da Verdade é ‘moeda falsa’

Ex-ministro do Exército do governo José Sarney, o general da reserva Leônidas Pires Gonçalves atacou a presidente Dilma Rousseff e a Comissão da Verdade instalada na quarta-feira, em solenidade no Palácio do Planalto, classificando-a de “uma moeda falsa, que só tem um lado” e de “completamente extemporânea”. Ao Estadão , Leônidas disse que a presidente Dilma deveria ter “a modéstia” de deixar de olhar o passado e olhar para frente, “para o futuro do País”. Recolhido em sua residência, Leônidas, que está com 91 anos, evita fazer declarações à imprensa, mas fez questão de falar sobre a instalação da Comissão da Verdade por considerar que os militares estão “sendo injustiçados” e não vê quem os defenda no governo. Segundo ele, quando Nelson Jobim era ministro da Defesa havia um interlocutor. “Ele se colocava”, disse. “Mas o seu sucessor, Celso Amorim, que deveria se manifestar está ligado ao problema.” O general se diz indignado com o que define como “injustiça que está sendo feita com o Exército”. Para ele, a Força está sendo “sumariamente julgada e punida”.

Mas Leônidas defendeu a liberdade de expressão. “Que se respeite a minha opinião. Aqui é uma democracia. A palavra é livre e isso foi graças à nossa intervenção”, reagiu. Para ele, “embora o discurso seja de que não haverá punição com esta Comissão da Verdade, já estão promovendo a maior punição ao Exército, que está tendo o seu conceito abalado injustamente”. O ex-ministro do Exército acha que os comandantes militares deveriam falar em defesa da categoria e espera que eles, pelo menos, estejam levando a insatisfação dos oficiais aos demais integrantes do governo em relação à Comissão da Verdade. Leônidas declarou ainda que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “têm de orientar como os militares que forem chamados à comissão devem se comportar”.

Convite. O general da reserva não acredita que será convidado a depor na comissão. “Não há ra- zão para eu ser convidado”, de- clarou ele, citando que no tempo em que o DOI-Codi do Rio de Janeiro esteve vinculado a ele, entre abril de 74 e fevereiro de 77, “nunca apareceu nada nem ninguém que tivesse alegado ter sido torturado”. E emendou: “Eu já desafiei que alguém se apresentasse na TV e nunca apareceu nada”. Nas declarações feitas ao Estado, o ex-ministro – que foi um dos avalistas da posse do presidente Sarney, quando Tancredo Neves morreu, garantindo a transição de um governo militar para o civil – diz que a presidente Dilma Rousseff tem que “esquecer o passado, olhar para a frente” e se preocupar com o futuro do País. O general Leônidas Pires rechaçou a possibilidade de a Lei de Anistia ser revogada, como um segundo passo, depois de a comissão da Verdade fazer seu trabalho, por conta de pressão das esquerdas. “Isso não tem cabimento. A não ser que exista vontade expressa do revanchismo.” Para ele, “é impossível mexer na Lei da Anistia, que foi fruto de um acordo no passado e que já foi chancelada pelo Supremo”. E emendou: “Se quiserem fazer pressão no Supremo, o poder moderador tem de entrar em atuação no País”.

Rússia pretende diminuir exportações de aviões militares


Será possível aumentar as exportações de caças militares russos e que tipos de aviões entrarão em serviço da FA da FR nos próximos tempos? Estas e outras questões estiveram em cima da mesa redonda que decorreu na sede da emissora Voz da Rússia.
É sobejamente sabido que, no segmento da aviação de combate, a Rússia ocupa as posições especialmente fortes. Tais aviões como Su-30 ou Mig-29 são bem conhecidos em diversos países e, sobretudo, nos Estados do Sudeste Asiático. Todavia, a principal tendência nos próximos dez anos será a reorientação do setor aeronáutico russo para as crescentes necessidades do mercado interno, constata o perito na matéria, Konstantin Makienko.
"Num período entre os anos de 1992 e 2012, a indústria aeronáutica russa se baseava em exportações de aviões militares. Hoje em dia, o setor se desenvolve à custa de encomendas internas feitas pelo MD da FR."
Em opinião do perito, as causas disso residem, antes de mais, na saturação dos mercados chinês e indiano. O ramo aeronáutico da China registra um desempenho acelerado e dinâmico. A titulo de comparação veja as estatísticas: no período entre 1999 e 2003 a China encomendou 128 engenhos voadores. Mas no período compreendido entre os anos 2006 e 2010 não fez nenhuma encomenda. A procura indiana também diminuiu em mais de 50%.
A quebra das exportações russas será compensada com as avolumadas compras centralizadas internas. As maiores aquisições - até 600 aviões – serão feitas pelo ramo de aviação tática. Se olharmos para o ano de 2020, por aí será necessário apostar no avanço do segmento de aviação comercial, tendo como a base técnica os engenhos da família MC-21 ou Superjet-100. Até o recente acidente trágico, ocorrido há dias na Indonésia, não será capaz de afetar o prestigio do projeto, realça Konstantin Makienko e prossegue.
"A catástrofe pode não ter impacto negativo sobre o projeto. Casos semelhantes também houve no passado. Na fase inicial de uso, se despenhou um A-300, em 1994, caiu um A-330, mas estes acidentes não influíram no destino de respectivos projetos bem sucedidos."
No domínio de aviação militar, precisamos de um projeto sério que favoreça as exportações estáveis. As vendas do T-50 serão limitadas por causa do elevado preço. Por isso, deve-se proceder ao desenvolvimento dinâmico de um complexo aéreo menos dispendioso. Por outro lado, a aviação de longo percurso tem boas perspectivas de modernização, considera o presidente do Conselho Social junto do Ministério russo da Defesa, Igor Korotchenko.
"Face à modernização do bombardeiro de longo percurso Tu-160, este avião poderá exercer uma série de funções diversas, podendo ser utilizado, devido à versatilidade, como um engenho de combate à média distância."

Helicópteros russos ocupam 14 por cento do mercado mundial

Os construtores aeronáuticos russos detêm 14% do mercado mundial de helicópteros, declarou aos jornalistas o diretor geral da holding Russian Helicopters, Dmitri Petrov. Ele fez esta declaração na exposição HeliRussia-2012, inaugurada hoje em Moscou.
Petrov destacou que em 2011 a empresa por ele presidida exportou mais de 260 veículos para 19 países, fazendo crescer as vendas em 22%, comparado com o ano passado.
A Russian Helicopters é uma das maiores construtoras de helicópteros no mundo. Os maiores consumidores destas produção estão no Oriente Médio, África, região asiática do Pacífico e América Latina.

Partido Pirata busca expansão mundial após sucesso na Alemanha

Rickard Falkvinge está orgulhoso. De máquina fotográfica na mão e com o pin do Partido Pirata ao peito, o engenheiro de computação sueco documenta mais uma vitória do movimento que fundou. Os piratas estão crescendo mais rapidamente do que ele esperava.
"É como se fosse um bebê", diz. "Quando o bebê é pequeno, temos uma série de expectativas. Mas à medida que ele vai ficando mais velho, ele não cresce da forma que tínhamos planejado. Ainda assim, sentimos amor e orgulho."
O Partido Pirata alemão recebeu no domingo passado 7,8% dos votos nas eleições do estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália. Assim, pode enviar pela primeira vez deputados para a assembleia legislativa estadual. Falkvinge diz estar "cheio de orgulho" com o resultado. Os piratas festejaram a vitória com as bandeiras cor de laranja do partido, espadas feitas com balões e muito ruído.
É na Alemanha que o movimento tem alcançado algumas das suas mais importantes vitórias: os piratas alemães já conquistaram assentos em quatro assembleias estaduais e, de acordo com as sondagens, deverão entrar no Bundestag (câmara baixa do Parlamento) em 2013. Desde a criação do primeiro Partido Pirata, em 2006 na Suécia, os piratas já conseguiram enviar dois deputados para o Parlamento Europeu. O movimento já está presente em cerca de 60 países, nos vários continentes.
Próxima parada: América do Sul
"Este é um movimento mundial e estamos somente começando", diz Gregory Engels, co-presidente do Partido Pirata Internacional, uma organização que coordena 29 partidos em todo o mundo. Segundo ele, aumentar a presença na América do Sul, bem como na África e na Ásia, é um dos próximos objetivos.
No Brasil, o movimento pirata existe desde o final de 2007. Mas só este mês deverá reunir as assinaturas necessárias e oficializar-se como partido político, já de olho nas eleições de 2014. Na sua página online, o movimento diz querer apresentar ao povo brasileiro uma "nova maneira de se fazer política".
Falkvinge diz que o Partido Pirata tem muito para oferecer na América do Sul, onde o processo de democratização é relativamente recente. "Muitas das antigas práticas de corrupção permanecem debaixo da superfície e penso que as nossas ideias podem trazer alguma coisa para esta e para a próxima geração quanto à questão da transparência".
Origens do crescimento
Os analistas políticos utilizam a expressão "início fulminante" para descrever a ascensão do movimento pirata. Os piratas querem ser um movimento de resposta às alterações trazidas pelo mundo digital. Eles questionam o atual conceito de propriedade intelectual, defendem mais liberdade na Internet e transparência absoluta nas decisões políticas. "Respondemos a questões que os outros partidos nem sequer sabem que têm de ser colocadas", resume Falkvinge.
Os críticos dizem que o programa do partido tem falhas: na Alemanha, os piratas têm sido apelidados de utópicos (o partido defende, por exemplo, transporte público grátis para todos) e têm sido acusados de não oferecerem respostas para questões como a presença militar alemã no Afeganistão ou a crise da dívida na zona do euro.
Ainda assim, os piratas conquistaram os eleitores. De acordo com o alemão Michael Lühmann, cientista político do Instituto de Göttingen para a Pesquisa sobre a Democracia, os piratas vieram "responder às preocupações dos cidadãos" na sequência de um descontentamento geral com a forma como se faz política. O voto no Partido Pirata, diz, é principalmente um voto de protesto.
O grande salto na popularidade dos piratas deu-se em 2011, um ano de vários protestos em todo o mundo. Milhares de manifestantes do movimento Occupy acamparam em Nova York, Frankfurt, Londres e em muitas outras cidades mundiais para protestar contra a injustiça social, a corrupção e a forma como os governos no mundo responderam à crise financeira.
Na capital espanhola, Madri, os "indignados" também foram às ruas pedir uma "democracia real", em que todos os cidadãos sejam ouvidos e não apenas as grandes empresas ou bancos. O ano de 2011 foi também o da Primavera Árabe, em que as revoltas populares destronaram líderes políticos que estavam há décadas no poder
A oposição dos piratas a projetos como o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Act), um tratado internacional que teria como objetivo uniformizar medidas para o combate à pirataria de filmes e de música, contribuiu também para que o movimento crescesse exponencialmente.
Depois do sucesso inicial
Lühmann adverte para os perigos de um crescimento tão rápido quanto maior for a ascensão do Partido Pirata, maior poderá ser a queda, diz. O fundador Falkvinge diz que o partido não pode tomar como garantia de sucesso as sucessivas vitórias dos últimos tempos. Será que o seu bebê está dando um passo maior do que a perna?
"Estamos sem dúvida a crescer mais rápido do que a nossa estrutura consegue suportar neste momento", reconhece. "Isso poderá ser um problema, mas, simultaneamente, há bastante entusiasmo e muita vontade de mudar o mundo para melhor."
Falkvinge diz que depois da eleição surge também o problema da reeleição, um dos desafios do movimento: "Ser reeleito é um jogo completamente diferente".
E nisso os piratas poderão estar em vantagem relativamente a outros grupos políticos. Numa entrevista em abril deste ano, Falkvinge associou a estratégia política à estratégia nos jogos e disse em tom meio descontraído: "Nós, piratas, jogamos muitos videogames".

Extrema-direita protesta contra austeridade na Hungria

Cerca de 2.500 partidários da legenda húngara de extrema-direita Jobbik marcharam em protesto contra as políticas econômicas adotadas na Hungria, incluindo vários aumentos de impostos e outras medidas de austeridade que o governo local afirmou serem necessárias para manter o déficit orçamentário do país sob controle e sustentar o crescimento.

O líder do Jobbik, Gabor Vona, disse neste sábado (12) que o governo de centro-direita do atual primeiro-ministro, Viktor Orban, e governos anteriores de orientação socialista arruinaram a Hungria nos 22 anos desde a queda do regime comunista, vendendo o país para bancos estrangeiros e companhias multinacionais, bem como financiando a "máfia econômica e política" que os rodeia.

Vona também criticou os gays e os ciganos, dizendo ainda que os judeus do país eram "anti-húngaros." Jobbik é o segundo partido da oposição no parlamento, tendo ganhado quase 17% dos votos nas eleições de 2010. As informações são da Associated Press.

Egito vive campanha em que candidatos tentam desmontar mitos

Os egípcios vivem com grande expectativa uma campanha eleitoral na qual os candidatos presidenciais aproveitaram para desmontar mitos e deixar sua própria marca. As ruas do país, repletas de cartazes eleitorais de todos os tamanhos e cores, são um reflexo do mosaico de tendências que, com maior ou menor força, influirão na eleição dos próximos dias 23 e 24. Dos 11 candidatos em disputa, quatro são os que despertaram maior atenção da mídia: o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amr Moussa, o islâmico Abdel Moneim Abul Futuh; o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi; e o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq.
São eles que protagonizaram as últimas pesquisas e mantêm a incerteza em uma campanha que começou com a desqualificação de vários candidatos, protestos contra o poder militar e sangrentos distúrbios.
Desde então, os aspirantes presidenciais encheram os canais de televisão de mensagens, tanto em forma de anúncios publicitários como de entrevistas.
O primeiro debate presidencial na história do Egito entre Moussa - que falou de sua experiência política e tentou se distanciar de Mubarak - e Abul Futuh - que explorava sua imagem de moderado a favor da revolução frente a seu passado como membro da Irmandade Muçulmana - despertou enorme interesse.
Sem tirar os olhos das televisões dos cafés no centro do Cairo, centenas de jovens comentavam a discussão entre os rivais.
"É ótimo poder ouvir a opinião dos candidatos. Pela primeira vez temos um debate. É algo único, que me faz sentir a democracia", exclamou emocionado um dos presentes, Sayed Elsisi.
Por sua vez, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, não quis participar do debate e centrou sua campanha em atos eleitorais.
Em um recente comício dos islâmicos contra o zoológico da capital, milhares de pessoas receberam Mursi, acompanhado por importantes clérigos, em um ato no qual não faltaram seguidores "ultras" que, tal como nos jogos de futebol, cantavam e exibiam cartazes.
As diferentes campanhas levaram às ruas todo tipo de veículos: desde os modernos ônibus de Abul Futuh até o trem de Moussa, passando pelos populares "tuk tuk" de três rodas usados pela Irmandade Muçulmana que, dispostos a bater recordes, também tentaram criar a mais longa corrente humana do mundo entre as cidades de Alexandria (norte do país) e Assuã (sul).
Cientes de que o Egito não é somente o Cairo, os candidatos viajaram com frequência a diversas partes do país, sobretudo para a densamente povoada região do Delta do Nilo, além de fazer visitas ocasionais ao Sinai e ao Alto Egito.
Todos eles aproveitaram estas viagens para se aproximar de personalidades locais e conseguir a lealdade de muitos habitantes das zonas rurais.
Nos arredores do Cairo, homens da cidade de Janca - muitos deles vestidos com a tradicional túnica ou "galabeya" - ouviram atentos o discurso de Moussa nesta semana em uma grande tenda, enquanto as mulheres aguardavam do lado de fora e cochichavam sobre a chegada de forasteiros.
Abul Futuh, por sua vez, quis atrair os jovens com vídeos promocionais de marionetes e músicas pegajosas, espetáculos teatrais e encontros com grupos de mulheres e pessoas com incapacidade.
Em um destes últimos atos, o funcionário Said el Adaoui, com problemas de mobilidade nas pernas, se mostrou cético em relação às propostas dos candidatos.
"Quero formar uma opinião própria agora que há mais liberdade e Mubarak não está mais no poder", afirmou Adaoui, que culpou as autoridades por não terem lhe oferecido muletas nem uma casa própria com uma pequena parte do valor das ajudas internacionais à cooperação.
A maioria de candidatos se identificou com o desenvolvimento integral do Egito como uma forma de sair dos 30 anos sob o poder de Mubarak.
Apenas Ahmed Shafiq usou sua imagem de último primeiro-ministro de Mubarak, com ideias como a de "fazer e não falar", para ganhar o voto dos defensores do antigo regime.

Inteligência alerta sobre ataque terrorista na América Latina

Os principais serviços de inteligência ocidentais lançaram esta semana um alerta informando sobre a possibilidade de um atentado terrorista nos países da América Latina. O jornal El País, do Uruguai, e o site de notícias Infobae, da Argentina, informaram que o sinal feito a serviços de inteligência latino-americanos daria conta de um possível ataque organizado por grupos islâmicos do Oriente Médio.
O Infobae noticia o Hezbollah como o possível envolvido. No Uruguai, a Direção Geral de Informação e Inteligência (DGII) do Ministério do Interior e as forças de segurança reforçaram o policiamento em portos e aeroportos para quem entra e sai do país. No entanto, uma alta fonte da agência de inteligência uruguaia esfriou os ânimos. "O alerta não quer dizer que necessariamente vá ocorrer um atentado, mas o país pode ser utilizado como base, refúgio ou trânsito de grupos deste tipo", afirmou ao El País.
As medidas colocadas em prática pelo organismo de inteligência não pretende "gerar preocupação", mas que trata-se de um protocolo antiterrorista comum em vários países. Desde o alerta, as agências de segurança passaram a trocar informações sobre a circulação de elementos que sejam suspeitos. Além disso, todas as filiais da Interpol trabalham no intercâmbio de informações.
O Departamento de Estado americano denuncia com insistência a presença de grupos ligados ao Hezbollah na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai) e na Venezuela. No ano passado, membros do Congresso americano advertiram as autoridades dos três países sobre a preocupação com a presença do movimento libanês na América do Sul. O Hezbollah realiza amplas atividades ilícitas para buscar financiamento no continente latino-americano, incluindo narcotráfico e contrabando, com epicentro na Tríplice Fronteira. Washington se mantém vigilante apesar de algumas autoridades do Departamento de Estado acreditarem que a presença célula terrorista na região limita-se apenas à arrecadação de fundos.