segunda-feira, 25 de junho de 2012

Lula diz não se arrepender "nem um pouco" de aliança com Maluf

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (25) não se arrepender "nem um pouco" da aliança eleitoral costurada com o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) em torno da candidatura do petista Fernando Haddad.
Por conta da aliança Maluf-Haddad, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) desistiu de compor a chapa petista como vice. Na avaliação da deputada, Lula passou dos limites ao tirar foto no jardim da casa do pepista, adversário histórico da ex-prefeita. A foto foi feita na semana passada, no dia em que o PP de Maluf oficializou o apoio a Haddad.
Erundina disse acreditar que a presença de Maluf no palanque de Haddad trará prejuízos ao petista. "Poderá enfraquecer. Criou um clima de perplexidade. É um desconforto. A militância petista é feita de pessoas que têm exigências. Não são pessoas indiferentes ao que os dirigentes decidem", disse após abandonar a vice.
Nesta segunda, foi a vez de o ex-presidente chancelar o apoio do PC do B à candidatura de Haddad à Prefeitura de São Paulo. Para isso, o PCdoB retirou o nome do vereador Netinho de Paula da disputa.

Paraná confirma 13 mortes por gripe A neste ano

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) atualizou os dados sobre a gripe A (H1N1) no estado nesta segunda-feira (25): desde março deste ano, foram confirmadas 13 mortes e 180 casos de Influenza H1N1 no Paraná em 2012. Do total de mortes, 84,6% (11 delas) foram registradas neste mês de junho. As informações são da Sala de Situação da Gripe da Sesa, que monitora e investiga todos os casos suspeitos da doença no Paraná.
Na última segunda-feira (18), cinco mortes em decorrência da gripe e 64 casos da doença eram confirmados pela Secretaria. De acordo com a coordenadoria da Sala de Situação, o aumento significativo do número de óbitos pode estar relacionado ao diagnóstico tardio da gripe A. Para tentar amenizar o problema, na última semana a Secretaria realizou uma videoconferência com as regionais de saúde, para reforçar a necessidade de uma atenção maior das equipes com relação a doença.
As 13 mortes foram registradas em dez municípios do estado: foram três casos em São José dos Pinhais, dois em Curitiba e um caso nos municípios de Ponta Grossa, São Mateus do Sul, Astorga, Apucarana, Cornélio Procópio, Tibagi, Capitão Leônidas Marques e Siqueira Campos.
Medicamento
Desde o último dia 15, a Sesa determinou o abastecimento de todos os municípios paranaenses e hospitais privados que atendem a demanda de urgência e emergência com o medicamento Oseltamivir (Tamiflu). São 200 mil tratamentos contra a gripe no Paraná, o que corresponde a aproximadamente dois milhões de cápsulas do medicamento em toda a rede pública estadual.
O alerta da Secretaria é para que todos os médicos prescrevam imediatamente o antiviral Oseltamivir em caso de suspeita de qualquer síndrome gripal, independente de confirmação por exames laboratoriais de que se trata da gripe A (H1N1). O medicamento é indicado para o tratamento de todos os tipos do vírus Influenza. As pessoas que apresentarem sintomas de febre, acompanhada de tosse ou dores de garganta, devem ser encaminhadas imediatamente a uma unidade de saúde, para análise do caso.
Exames laboratoriais
De acordo com a Sesa, o monitoramento dos casos de gripe A é feito a partir de exames laboratoriais de pacientes que apresentam síndromes gripais ou síndromes respiratórias agudas graves. O objetivo da análise é ter índices de amostragem da população e identificar os vírus respiratórios que mais circulam no Paraná. O Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) trabalha em caráter de plantão para processar todos os exames. Segundo a direção do Lacen, o resultado final do exame sai em no máximo 72 horas. Cerca de 100 amostras são analisadas diariamente, inclusive nos finais de semana.

O Paradoxo Nuclear

Mudanças climáticas e proliferação de armas nucleares são os fatores que representam a maior ameaça à segurança internacional


Leonam dos Santos Guimarães
Doutor em engenharia, assistente da presidência da Eletronuclear e membro do Grupo Permanente de Assessoria da Agência Internacional de Energia Atômica
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Na Cúpula da OTAN, que teve lugar de 20 a 21 de maio em Chicago, a aliança reafirmou a importância das armas nucleares para a estratégia de defesa do bloco ocidental e garantiu aos membros europeus que o escudo de defesa antimíssil, atualmente em desenvolvimento, não presidente tomar o lugar dessas armas.
Os EUA mantiveram, sob o “guarda-chuva” da OTAN, até 7.000 armas nucleares no território de países da Europa durante a Guerra Fria. Embora a Guerra Fria tenha terminado há 20 anos, os EUA continuam a manter cerca de 200 armas nucleares táticas em cinco países europeus: Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia. Além disso, dois membros da OTAN, a França e o Reino Unido, possuem armas nucleares próprias.
Os Estados Unidos planejam gastar pelo menos US$ 6 bilhões para modernizar as bombas nucleares B-61 que estão em solo europeu. Essas bombas, lançadas por aviões bombardeiros, não teriam nenhum emprego concebível pois seu desenvolvimento, décadas atrás, era justificado pelas preocupações ocidentais sobre a superioridade militar convencional soviética na Europa. Parece que essas preocupações permanecem apesar do fim da Guerra Fria, ou os alvos atuais seriam outros.
Dos cinco países europeus que abrigam armas nucleares americanas, dois (Alemanha e Itália) proscreveram um uso pacífico da energia nuclear, a geração elétrica, e um terceiro (Bélgica) tem declarado que segura esse mesmo caminho. É paradoxal o fato de que nesses países não se percebe nenhum movimeto político ou da sociedade civil significado no sentido de proscrever essas armas de seu território, apesar de todos serem membros do tratado de não proliferação nuclear.
Com a proximidade de conferência Rio+20 da ONU, diversas personalidades políticas e do movimento ambientalista vêm se posicionando de forma radicalmente contrária ao uso pacífico da energia nuclear, que é a geração elétrica. O “ensurdecedor” silêncio quanto às armas nucleares é surpreendente. Mais ainda quando se leem as recentes notícias sobre os desdobramentos possíveis da crise nuclear no Irã, da nova constituição da Coreia do Norte, promulgada em 13 abril passado, que assume ser o país nuclearmente armado, o recente recrudescimento das tensões políticas em torno da soberania das Ilhas Malvinas, que trouxe ao Atlântico Sul submarinos britânicos potencialmente dotados de armas nucleares, e que a Alemanha participa do esforço bélico de Israel, supostamente voltado contra o Irã, fornecendo-lhe submarinos capazes de lançar mísseis nucleares.
Mudanças climáticas e proliferação de armas nucleares são os dois fatores que representam a maior ameaça à paz e à segurança internacional, senão à própria sobrevivência da civilização. Mas enquanto a ameaça das mudanças climáticas se coloca no longo prazo, as armas nucleares são uma ameaça que pode se concretizar a qualquer momento pelo uso proposital por Estados que as possuem, por terroristas que as desviem ou pela ocorrência de acidentes.
A maneira eficaz de afastar a ameaça imediata das armas seria a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares e a proscrição de produção, uso e armazenagem de urânio altamente enriquecido e de plutônio em “grau de arma”, materiais que não existem em território brasileiro. A mitigação de ameaça das mudanças climáticas inclui necessariamente o desenvolvimento em ampla escala da geração elétrica nuclear.
Assim como do aço, do nuclear podem ser feitos lanças e arados. A sustentabilidade pede a proscrição das lanças e a proliferação dos arados. Mas não se ouvirá isso na Rio+20, infelizmente.

Leonam dos Santos Guimarães é doutor em engenharia, assistente da presidência da Eletronuclear e membro do Grupo Permanente de Assessoria da Agência Internacional de Energia Atômica.

Ahmadinejad espera retomar relações com Egito no governo Mursi

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, manifestou nesta segunda-feira seu desejo de retomar as relações diplomáticas entre Irã e Egito, rompidas há mais de três décadas, após a eleição do fundamentalista islâmico Mohammed Mursi como presidente desse país.
Em uma mensagem de felicitação ao novo presidente egípcio, Ahmadinejad destacou a esperança de conseguir "uma maior expansão das relações bilaterais e a consolidação da amizade entre as duas nações".
O governante iraniano também desejou a Mursi "prosperidade e êxito" em seu trabalho de "melhorar a situação da nação egípcia".
Após sua proclamação como presidente eleito, Mursi manifestou neste domingo sua intenção de retomar as relações com a República Islâmica do Irã, rompidas devido ao acordo de paz de Camp David entre Cairo e Tel Aviv, assinado em 1979.
O regime teocrático de Teerã, que reprimiu com violência os protestos contra as fraudes nas eleições presidenciais iranianas de 2009, apoiou as manifestações e as revoluções da "primavera árabe" na Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen, Bahrein, Jordânia e Arábia Saudita.
No entanto, a República Islâmica do Irã respalda com firmeza o regime sírio do presidente Bashar al Assad, seu principal aliado árabe. EFE

Brasileiros protestam em consulados contra destituição de Lugo

Grupo de estudantes, sindicalistas e membros de movimentos sociais brasileiros protestou contra deposição de Lugo em frente ao consulado paraguaio em .... Foto: EFE Grupo de estudantes, sindicalistas e membros de movimentos sociais brasileiros protestou contra deposição de Lugo em frente ao consulado paraguaio em São Paulo
Foto: EFE
Grupos de manifestantes protestaram nesta segunda-feira em frente aos consulados do Paraguai em São Paulo e no Rio de Janeiro contra a destituição de Fernando Lugo da Presidência do país vizinho.
Cerca de 100 pessoas ligadas a movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda se concentraram em frente ao consulado de São Paulo com as bandeiras do Paraguai e do Brasil para pedir a restituição imediata de Lugo ao poder.
"É necessário que os governos, os movimentos sindicais e sociais, além das forças políticas democráticas paraguaias, brasileiras e sul-americanas, se mobilizem", assinalou a Força Sindical em comunicado.
Lugo sofreu um processo de impeachment na sexta-feira passada, quando o Senado paraguaio o considerou "culpado" pelo mau desempenho de suas funções, devido à violência dos confrontos entre policiais e sem-terras que provocou pelo menos 17 mortes.
No Rio de Janeiro, cerca de 40 pessoas, também com bandeiras e cartazes a favor de Lugo, se manifestaram em frente ao consulado paraguaio, na Praia de Botafogo, zona sul da cidade.
"Força irmãos. América Latina unida sempre" e "Basta de golpes na América Latina" foram algumas das mensagens exibidas nos cartazes dos manifestantes, cujo protesto foi pacífica e vigiado de perto pela polícia.
O ex-bispo católico foi substituído pelo vice-presidente paraguaio, Federico Franco, não reconhecido pelos governos da Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela por considerarem que chegou à Presidência mediante um "golpe de Estado".
O governo brasileiro, por sua vez, condenou no sábado a destituição de Lugo e chamou para consultas seu embaixador em Assunção, além de anunciar que avalia junto com seus parceiros do Mercosul e da Unasul as medidas para enfrentar o que chamou de "ruptura da ordem democrática" no país vizinho.
Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.
A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Premiê chinês propõe zona de livre comércio com Mercosul

Buenos Aires, 25 Jun 2012 (AFP) -O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, propôs nesta segunda-feira analisar a possibilidade de criar uma zona de livre comércio entre seu país e o Mercosul, durante uma videoconferência realizada em Buenos Aires com os presidentes dos países fundadores do bloco.
"Queremos realizar estudos de viabilidade sobre o estabelecimento de uma zona de livre comércio entre China e Mercosul", disse Wen, junto à presidente argentina, Cristina Kirchner, na Casa Rosada, no fim de uma viagem regional que o levou a Buenos Aires, Brasília e Montevidéu.
"A China está disposta a iniciar um diálogo de chanceleres com o Mercosul", afirmou o primeiro-ministro chinês, em videoconferência transmitida diretamente pela imprensa local, e que incluiu os presidentes Dilma Rousseff e José Mujica, do Uruguai.
Wen antecipou também que seu país está disposto a "trabalhar conjuntamente para promover a construção da rede de transporte da região sul-americana".
O governante lembrou que seu país "manteve estreitas cooperações no terreno comercial do Mercosul, e a China se tornou o segundo mercado de exportação para o Mercosul".
Em 2011, a China exportou ao Mercosul 48,451 bilhões de dólares (34% mais que no ano anterior) e importou do bloco sul-americano 51,033 bilhões de dólares (37,9% que em 2010).
Em sua intervenção, o premiê anunciou que o propósito de Pequim é que em 2016 seja duplicado o comércio bilateral com Argentina, Brasil e Uruguai, na comparação com este ano.
Durante sua viagem pelos três países latino-americanos, Wen assinou acordos de cooperação e se espera que se aprove uma declaração entre o gigante asiático e o Mercosul na próxima cúpula presidencial do bloco que ocorrerá nesta quinta e sexta-feira em Mendoza (Argentina).
"É indiscutível a prioridade que damos à relação com a China", disse Dilma na videoconferência, classificando de "absolutamente estratégico" construir "uma relação muito produtiva entre os países do Mercosul e a China".
"É uma estratégia para evitar que a crise contamine nossos mercados e estenda seus tentáculos sobre nós, provocando consequências que não desejamos nas áreas do emprego, a distribuição de renda, e prejudicando o crescimento econômico", completou.
O Paraguai não participou da teleconferência, país fundador do Mercosul junto a Argentina, Brasil e Uruguai, cuja participação na próxima cúpula foi suspensa após a destituição de Fernando Lugo como presidente.

Turquia: avião derrubado pela Síria voava em águas internacionais

O ministro turco de Exteriores, Ahmet Davutoglu, assegurou hoje que o avião militar turco derrubado na sexta-feira pela Síria foi atingido sobre águas internacionais, fora do espaço aéreo sírio. "Nosso avião foi derrubado no espaço aéreo internacional", disse o ministro em uma entrevista à televisão pública turca TRT-1.
"Nosso avião tinha por missão pôr a toda prova o radar internacional, por isso efetuou um voo sozinho; era um mero voo de teste. Não tinha nenhuma missão com relação à Síria. Além disso, nosso avião não levava armamento. Percebê-lo como uma ameaça é de más intenções. E era conhecido por todos e público que era um avião turco", detalhou Davutoglu.
Em relação aos passos que Ancara dará agora, o chefe da diplomacia turca assinalou que a prioridade é encontrar sãos e salvos os dois pilotos que tripulavam a aeronave.
"Continuam nossos esforços de busca, e pedimos às famílias paciência e firmeza", disse Davutoglu. "Não somos um país de reações impetuosas; todos sabem que nos mantemos dentro dos limites do direito internacional", acrescentou o ministro.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

TRF considera legais as escutas telefônicas contra Carlinhos Cachoeira

O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) rejeitou nesta segunda-feira (18), por 2 votos a 1, a anulação das escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) nas operações Vegas e Monte Carlo, que investigaram esquemas de corrupção e exploração ilegal de jogos na Região Centro-Oeste.
A maioria dos magistrados entendeu que não houve ilegalidade no fato de a Polícia Federal iniciar as investigações por meio de denúncia anônima, pois o esquema era muito sofisticado e tinha a participação de policiais e agentes públicos.
A Terceira Turma do TRF1 analisou recurso da defesa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado pela Polícia Federal como líder do esquema. Os advogados queriam anular as escutas porque partiram de denúncia anônima e porque a decisão do juiz de primeira instância, que permitiu as interceptações, não teria sido bem fundamentada.
O julgamento começou na terça-feira da semana passada (12), quando o relator Fernando Tourinho Neto acatou a tese da defesa de Cachoeira e votou pela anulação das escutas como prova. Mas a análise do habeas corpus foi suspensa por pedido de vista do desembargador Cândido Ribeiro.
Ao devolver o processo para julgamento, esta tarde, o desembargador argumentou que denúncias anônimas podem dar início a investigações criminais, conforme tese já consolidada nos tribunais superiores, especialmente quando a suposta teia criminosa é de grande extensão e envolve agentes de segurança pública. O voto foi seguido pelo juiz convocado Marcos Sousa.

Navios de guerra russos se preparam para zarpar rumo à Síria


Dois navios de desembarque concluem os preparativos para zarpar rumo ao porto sírio de Tartus com o propósito de garantir a defesa dos interesses nacionais da Rússia no país árabe, anunciou nesta segunda-feira um porta-voz do Estado-Maior da Armada russa à agência Interfax.
A bordo dos navios se deslocará até a Síria um grande grupo de infantes da marinha russos, segundo a Marinha. "A tripulação do Nikolai Filchenkov e do Cesar Kunikov, junto aos infantes de marinha, podem garantir se for necessário a segurança dos cidadãos russos e evacuar parte do material do ponto de manutenção técnico" que é o porto de Tartus para a Rússia, explicou o porta-voz militar.
O oficial esclareceu que a ordem de preparar os navios para a missão chegou de improviso. A aviação militar está pronta para cobrir os navios de guerra se estes forem enviados à Síria a fim de evacuar os cidadãos russos, assegurou no sábado o vice-comandante-em-chefe da Força Aérea, o general Vladimir Gradusov.
O porto sírio de Tartus, que acolheu uma base soviética em tempos da Guerra Fria, é atualmente um centro de manutenção e abastecimento para a Frota russa do Mar Negro.

Israel: pacote turístico oferece treino para 'matar terrorista'

Instrutor ensina turista a disparar arma em treinamento para matar terroristas. Foto: BBC Brasil Instrutor ensina turista a disparar arma em treinamento para "matar terroristas"
Foto: BBC Brasil

Guila Flint
Da BBC Brasil
Um campo de treinamento de tiro ao alvo localizado em um assentamento israelense tem provocado polêmica ao oferecer aos visitantes um pacote de "turismo radical" que inclui treinamento para "matar terroristas". O campo Caliber 3, no assentamento de Gush Etzion, no território palestino da Cisjordânia, usa como alvo de tiros figuras em tamanho real portando tradicionais turbantes árabes.
O local, com mais de 10 mil m², é usado em treinamentos do Exército e da polícia de Israel. O proprietário, o empresário Sharon Gat, contou à BBC Brasil que resolveu aproveitar as instalações já existentes para dar início ao "projeto turístico".
"Queremos que os judeus do mundo inteiro possam ver com seus próprios olhos que no Estado de Israel há organizações e pessoas que sabem ensinar auto-defesa no mais alto nível", disse o empresário. "Também queremos que os judeus do mundo vejam que aqui existe orgulho judaico, pois os judeus, que foram massacrados há 70 anos (em referência ao Holocausto), hoje têm um Estado, um Exército e as melhores instalações de treinamento", acrescentou.
De acordo com Gat, cerca de 5 mil turistas já passaram pelo curso, entre eles centenas de crianças, que são admitidas nos treinamentos após cinco anos de idade. Os adultos atiram com armas e munição de verdade, em alvos de papelão ilustrados com o esteriótipo do "terrorista". As crianças utilizam armas de paintball. O preço do curso, de duração de duas horas, é 440 shekels (cerca de R$ 220) para adultos e 200 shekels (R$ 100) para crianças.
Projeto sionista
Sharon Gat, 40 anos, um oficial da reserva do Exército israelense, disse que o projeto Caliber 3 foi criado em memória de seu cunhado, Hagai Haim Lev, que morreu em combate na Faixa de Gaza. "É um projeto sionista, positivo e importante, que proporciona emoção para muita gente", disse. "O curso serve para turistas de todas as idades, que tenham interesse em aprender táticas antiterroristas", afirmou o empresário.
O projeto também inclui programas especiais para aniversários, encontros de amigos, disputas de paintball e oferece aos turistas "experiências emocionantes que não poderão ter em lugar algum, exceto no campo de batalha". O prefeito do assentamento de Gush Etzion, David Perl, afirmou que o novo projeto turístico proporciona "um incentivo a mais" para o turismo na região.
O assentamento, que fica ao sul de Jerusalém e foi construído em terras do distrito palestino de Belém, "recebe cerca de 400 mil turistas por ano", de acordo com Perl. O prefeito também disse à BBC Brasil que, além do Caliber 3, o Gush Etzion oferece como atividades turísticas visitas a um museu local e a ruínas antigas.

Partido neonazista Amanhecer Dourado se consolida na Grécia

O partido neonazista "Amanhecer Dourado" (Chryssi Avghi) confirmou no domingo o seu avanço eleitoral, ao obter 7% dos votos, o que dá à formação direito a 18 assentos, sinal da consolidação de uma ideologia ultraviolenta em uma Grécia desorientada pela crise, consideram os analistas.
São cerca de 430.000 gregos, 7% dos eleitores, tantos quanto nas eleições de maio, aqueles que optaram nas eleições de domingo por enviar ao parlamento 18 deputados deste partido nacionalista e racista que em 2009 somou 18.000 votos, sem conseguir eleger um só deputado.
"O Chryssi Avghi chegou para ficar", afirmou seu líder e fundador Nikos Mihaloliakos, um matemático de 55 anos que se gaba de sua proximidade com o ditador fascista grego de antes da Segunda Guerra Mundial, Ioannis Metaxas.
Mihaloliakos foi eleito para o Conselho Municipal de Atenas em 2010 e entrou na sede sob escolta e erguendo o braço à maneira da saudação nazista.
"A votação do Chryssi Avghi não é uma causalidade, e seus eleitores sabem quem seguir votando novamente neles, o que dá um sinal da tendência atual de consolidação" desta formação no eleitorado grego, afirmou à AFP Sophia Vidali, professora de Criminologia da Universidade de Trácia.
O partido foi fundado nos anos 1980 e depois caiu na semi-clandestinidade. Ressurgiu nos últimos anos, aproveitando a situação de desespero social. Seus militantes percorreram os bairros desfavorecidos de Atenas, onde estão amontoados os imigrantes, alvo de uma caçada humana recorrente.
"Somos um movimento nacionalista no Parlamento e nas ruas com a missão de proteger os direitos dos gregos (...) A imigração ilegal é uma praga para a Grécia", declarou Mihaloliakos no domingo.
Militantes de seu partido são acusados de diversas agressões a imigrantes, sobretudo no bairro desfavorecido de Aghios Panteleimonas do centro de Atenas, onde milícias afirmam atuar "em nome da proteção dos cidadãos" frente aos imigrantes.
O julgamento de uma ex-candidata do "Amanhecer Dourado", que não foi eleita nas eleições de 6 de maio por sua suposta participação em um ataque com faca em setembro de 2011 contra três afegãos, foi adiado no final de maio, pela sexta vez.
O porta-voz do partido, Ilias Kasidiaris, que foi reeleito deputado no domingo, também está à espera de julgamento por cumplicidade em um assalto à mão armada contra um estudante grego em 2007. Seu julgamento foi adiado recentemente.
Há dez dias, Kasidiaris provocou um escândalo no país ao agredir com tapas na cara a deputada comunista Liana Kanelli durante um debate transmitido ao vivo pela televisão, o que desencadeou uma avalanche de críticas da classe política.
A Liga Grega dos Direitos Humanos denunciou em uma carta ao ministro interino encarregado da polícia "a impunidade" de que se aproveitam os autores dessas agressões que criam um "clima de medo".
"O problema é que é necessário um ato como esse, ao vivo na televisão, para que até os mais indiferentes compreendam que algo não está bem quando se convida nazistas para se expressarem em um debate", ressaltou Dimitris Psaras, um jornalista especialista em extrema-direita na Grécia, em um artigo publicado recentemente pelo site Tvxs.gr. "E este despertar chega muito tarde", lamenta.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Egito dissolve toda a Câmara baixa do Parlamento nacional

A Suprema Corte Constitucional do Egito decidiu nesta quinta-feira que toda a Câmara baixa do Parlamento do país, dominada por islamistas, será dissolvida, levando à realização de novas eleições para os assentos. A decisão foi tomada após a lei que norteou a última eleição parlamentar ser declarada inconstitucional. O poder Executivo do país será o responsável por convocar a nova votação.
"A decisão sobre o Parlamento inclui a dissolução da Câmara baixa do Parlamento em sua totalidade porque a lei sob a qual as eleições foram conduzidas é contrária aos preceitos da Constituição", afirmou Farouk Soltan, chefe da corte.
A Suprema Corte Constitucional do país também decidiu que Ahmed Shafiq, ex-premiê do ex-ditador Hosni Mubarak, pode concorrer com o islamista Mohammed Morsi no segundo turno das eleições presidenciais, previsto para acontecer neste fim de semana. A corte julgava a validade da lei de "isolamento político", que exclui da corrida por cargos públicos as pessoas que participaram do regime Mubarak e que foi aprovada pelo recém eleito Parlamento de maioria islamista.
Mahmoud Ghozlan, porta-voz da Irmandade Muçulmana, afirmou que o partido vai lidar com a permanência de Shafiq na corrida eleitoral e que não desistirá da disputa. Nesta quarta-feira, o governo do Egito aumentou os poderes da polícia militar e dos agentes do serviço de inteligência do país, permitindo que eles prendam civis por uma vasta acusação de crimes, dias antes do segundo turno da eleição presidencial. Ativistas afirmam que a decisão equivale à declaração da lei marcial.
Para os ativistas, a lei que dá "cobertura legal" à presença de forças militares nas ruas, prova que os militares querem estender seus poderes mesmo após a posse de um presidente eleito diretamente pelos egípcios. Os oficiais militares argumentam que os poderes de prisão são uma medida temporária que visa preencher uma lacuna de segurança surgida após a revolta de 2011.
"Há a necessidade de colocar em vigor uma lei que regule a presença de soldados do Exército para permitir que eles garantam a segurança das eleições presidenciais ou façam varreduras de segurança para prender fugitivos e foras da lei", afirmou o general Adel el-Morsi, chefe do Poder Judiciário Militar.
A decisão mostra uma certa ansiedade por uma possível nova revolta no país caso Shafiq seja eleito, o que provavelmente aumentaria ainda mais os protestos que já estão sendo realizados nas ruas egípcias contra o aliado de Mubarak. Enquanto a Suprema Corte Constitucional julgava os casos, seu prédio foi isolado por policiais e soldados, para evitar que os cerca de 200 manifestantes que protestam contra o candidato Ahmed Shafiq se aproximem do local.
Onze crimes são cobertos pela lei, a maioria relacionados ao direito de protestar. Entre os crimes passíveis de prisão estão interrupção de trânsito, danos a edifícios e prejuízos à segurança do governo interna ou externamente. Os poderes de prisão podem ficar em vigor até que uma nova Constituição seja feita.
Em um comunicado conjunto, 16 grupos de direitos civis disseram que a decisão "dobra as dúvidas" sobre o comprometimento dos militares em transferir o poder para uma autoridade civil e reforça as suspeitas de que "a transferência do poder será apenas uma impostura e não vai evitar que os militares deixem de ter um papel grande na vida política".
A lei de emergência foi suspensa no Egito no fim de maio, após vigorar por 31 anos. Ela permitia que a polícia detivesse e prendesse sem acusações e era amplamente usada para perseguir opositores do regime.
Segundo Gamal Eid, advogado de direitos humanos, o Parlamento tem poder legislativo para barrar uma decisão ministerial, mas, de acordo com a Constituição interina, a casa está de mãos atadas porque os generais no poder devem endossar qualquer lei para que ela tenha efeito.

EUA expandem operações secretas na África

As forças armadas dos EUA estão expandindo suas operações secretas de inteligência pela África, estabelecendo uma rede de pequenas bases para espionar organizações terroristas instaladas da periferia do deserto do Saara até as selvas ao longo da área onde passa a Linha do Equador no continente. Segundo matéria publicada nesta quinta-feira no diário "Washington Post", a principal arma dessas operações de vigilância são pequenos aviões desarmados, que são disfarçados como aviões particulares.
De acordo com documentos e fontes do jornal americano, as aeronaves são equipadas com sensores ocultos que podem gravar vídeos em boa definição, rastrear indícios de calor com visão em infravermelho e identificar ondas de rádio e de telefonia celular. Elas são reabastecidas em pistas de pouso isoladas e pilotadas por africanos com bom conhecimento de pilotagem sobre as matas, estendendo o potencial de voo da aeronave por milhares de milhas a mais.
Segundo um ex-comandante sênior americano envolvido no planejamento da rede, que não pode ser identificado, cerca de uma dúzia de bases dos EUA foram estaladas na África desde 2007. A maioria das operações são pequenas e executadas fora do itinerário dos grandes aeroportos e bases militares do continente.
A natureza e a extensão das missões nunca foram divulgadas, a não ser em documentos públicos parciais de contratos do Departamento de Defesa. As operações se intensificaram nos últimos meses, como parte da ênfase das ações dos EUA contra a al-Qaeda e outros grupos ligados à organização. A rede foi criada pelas Forças de Operações Especiais do governo dos EUA, mas depende fortemente de empreiteiros militares americanos e do apoio de tropas de países africanos.
A rede reforça como as Forças de Operações Especiais, que desempenham um papel importante na estratégia de segurança nacional do governo de Barack Obama, estão trabalhando clandestinamente em todo o mundo, e não somente em aéreas de conflitos. Tais equipes também treinam forças de segurança de outros países e realização operações de socorro, mas podem ser escaladas para rastrear e matar terroristas.
O diário americano salienta que as missões na África também mostram que as forças especiais estão entrando em uma área que antes era exclusiva da CIA, que também expandiu suas operações no continente, mas não tem funcionários e recursos suficientes para o tamanho da operação que o governo demanda.
Um dos mais importantes centros dessa operação está em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, onde dezenas de funcionários americanos e empreiteiros chegaram nos últimos anos e estabeleceram uma pequena base aérea em uma área militar ao lado do aeroporto internacional.

Rio+20: crise e políticas domésticas limitam papel do Brasil





Para analistas, construção da usina de Belo Monte reduz protagonismo do Brasil na Rio +20.
João Fellet
Embora afirmem que o Brasil tem influenciado as discussões globais sobre o meio ambiente nas últimas décadas, analistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam que a crise econômica global e a opção do país por políticas que consideram danosas à natureza – como a construção de hidrelétricas na Amazônia e a concessão de estímulos ao setor automobilístico – devem reduzir seu peso na Rio+20.
Com isso, segundo eles, dificilmente o Brasil repetirá o papel que desempenhou na Eco-92, conferência ocorrida no Rio de Janeiro há vinte anos que é tida como um marco para o movimento ambientalista e para países subdesenvolvidos.
Para Haroldo Mattos de Lemos, presidente do Instituto Brasil Pnuma, ONG que divulga o Programa da ONU para o Meio Ambiente, o Brasil tem se esforçado para que a Rio+20 repita os resultados "fantásticos" que ele atribui à Eco-92.
O esforço, diz ele, inclui insistir na vinda do maior número possível de líderes. "Sabemos que alguns não virão, como o dos EUA (Barack Obama), mas pelo visto teremos um número significativo de chefes de Estado."
Ainda assim, Lemos afirma que a crise econômica internacional deve dificultar as negociações, e que a Rio+20 ocorrerá em momento mais desfavorável que a Eco-92.
"Sempre que condições econômicas apertam, governos cortam em áreas consideradas menos importantes. Não há muita esperança de que de se consiga incluir metas de desenvolvimento sustentável na Rio+20."
Por outro lado, Lemos diz que a sociedade civil estará mais mobilizada neste encontro do que no de 1992, o que, segundo ele, pressionará governantes a dar mais atenção às causas ambientais.
Já o físico Ennio Candotti, vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), diz que a Eco-92 foi realizada em um momento tão complicado como o atual.
Ele lembra a resistência dos Estados Unidos (que também enfrentavam problemas econômicos à época), países árabes (exportadores de petróleo) e do Japão em acordar metas de redução nas emissões de gases causadores do efeito estufa.
No entanto, Candotti diz que desde então os problemas ambientais ficaram mais complexos, "porque são mais discutidos e novas reivindicações surgiram".
Além disso, afirma que tensões militares e o aumento populacional tornaram mais urgente sua solução. "De 1992 para cá, houve quatro ou cinco guerras, os preços do petróleo subiram, e o mundo se adaptou a níveis crescentes de consumo."
Diante das dificuldades e da disputa entre países ricos e pobres, o físico afirma que a responsabilidade do anfitrião da Rio+20 aumenta. Nesse papel, segundo ele, o Brasil é beneficiado por suas condições naturais e demográficas.
"O Brasil está na liderança (das discussões sobre meio ambiente) não porque tenha encontrado ideias novas ou por ter tido desempenho acima da média, mas por estar em posição privilegiada quanto a laboratórios naturais".
"É no Brasil que há a Floresta Amazônica, inúmeros rios, aquíferos e áreas férteis de grande extensão, sem que aqui haja uma superpopulação como na China, Europa ou Índia."

Conquistas da Eco-92

O físico José Goldemberg, ex-secretário do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia no governo federal, elogia a atuação do Brasil na Eco-92 por conduzir as negociações sobre quem financiaria as medidas previstas nas Convenções do Clima e da Biodiversidade, o acordo aprovado na Eco-92.
Alguns anos depois, diz Goldemberg, o Brasil voltou a ter papel decisivo na inclusão do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Protocolo de Kyoto, aberto para assinaturas em 1997 e que prevê a redução nas emissões globais dos gases causadores do efeito estufa.
O MDL permite que países adeptos do protocolo adquiram créditos pela redução em emissões de carbono ocorrida em países subdesenvolvidos.
No entanto, o físico diz que o Brasil abriu mão de liderar as negociações atuais.
"De modo geral, o Brasil se associou com o G-77 (grupo com 77 países emergentes) e a China e não tem sido entusiasta de ideias novas para reorientar desenvolvimento para economia sustentável."
Goldemberg afirma ainda que políticas recentes adotadas pelo governo, como a construção da hidrelétrica de Belo Monte, indicam que o país não está disposto a liderar discussões sobre a preservação ambiental.
Ele menciona ainda a "euforia com o pré-sal" e os recentes estímulos fiscais ao setor automobilístico, que, ao contrário dos concedidos pelos Estados Unidos à indústria automotiva americana, não condicionam os benefícios a melhorias em eficiência energética.
"Todas as medidas estão na contramão do que se esperaria."
Candotti, da SBPC, critica a prioridade destinada pelo governo ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê investimentos bilionários em hidrelétricas, portos, ferrovias e outras grandes obras.
"Isso obviamente não foi planejado com olhar atento ao potencial do patrimônio genético e ambiental das florestas."
Mesmo assim, ele enaltece o papel que o Brasil tem exercido nos foros globais ao defender o apoio às nações mais pobres, para que reduzam as injustiças sociais e eliminem a fome.
"Só espero que o Brasil não caia na armadilha de dizer que alimentar a todos implica poluir ou desmatar mais."

Brasil aumenta poderio naval para cuidar das reservas de petróleo cru

Em 2008, o Brasil assinou um acordo com a França para comprar cinco submarinos a disel da categoria Scorpene, um dos quais seria convertido em nuclear pelo Brasil. (Foto: AFP/Mychele Daniau)
O Brasil está empenhado em aumentar seu poderio naval para proteger as milionárias reservas de petróleo e gás localizadas em águas ultra profundas, disse em 11 de junho a presidente Dilma Rousseff, durante uma cerimônia militar.
“Os investimentos que vêm sendo efetuados em novos navios-patrulha propiciarão o aumento da presença do Estado em águas jurisdicionais, onde se situa a maior parte de nossas reservas de petróleo e gás”, declarou a governante.
Dilma Rousseff reivindicou, como uma “exigência estratégica”, a modernização da Marinha de Guerra, em um discurso por ocasião do aniversário de 147 anos da batalha naval de Riachuelo, que deu ao Brasil a vitória na guerra contra o Paraguai.
“Sabemos que nosso papel na preservação da paz depende da capacidade de dissuasão do Brasil. A atuação de nossas Forças Armadas (…) requer equipamentos de qualidade, prontos para serem utilizados, e pessoal adequadamente preparado”, acrescentou.
Assim sendo, destacou um acordo assinado há anos com a França para a aquisição de quatro submarinos Scorpene diesel-elétricos e a construção do primeiro submarino nuclear.
Além disto, o Brasil anunciou em maio a compra de quatro lanchas fluviais da Colômbia, através do programa de proteção de suas reservas de petróleo, da bacia do Rio Amazonas e dos 7.491 quilômetros de costa.
O Brasil, que conta com a maior Marinha de Guerra da América latina, aplica cerca de 1,5 por cento do PIB no orçamento da defesa.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Começa o combate eleitoral

O vale-tudo começou. Desde ontem, está liberada a realização das convenções partidárias para a definição de candidaturas e alianças que irão disputar as prefeituras e câmaras de vereadores de todo o país em outubro. Além da consolidação desse cenário até o dia 30 deste mês, as legendas já estão armando suas estratégias de combate – sobretudo a partir de agora, em que estão se definindo quem serão os oponentes.
Na disputa eleitoral dos 399 municípios paranaenses, que envolve 7,6 milhões de eleitores, a luta principal se dará em Curitiba. Isso porque vencer ou perder a disputa na capital será determinante para o combate de 2014, que definirá o chefe do Executivo estadual para os quatro anos seguintes.
Do lado do atual governador, Beto Richa (PSDB), tenta a reeleição o atual prefeito Luciano Ducci (PSB), que terá a seu favor as máquinas do estado e da prefeitura. No entanto, seu principal oponente, o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT), contará com todo o apoio do PT nacional.
Correndo por fora, está o deputado federal Ratinho Jr. (PSC), que tem cacife financeiro e bastante popularidade. Já no PMDB, maior partido do Paraná, o ex-deputado estadual Rafael Greca ainda luta para conseguir apoio dentro da legenda e se lançar candidato. A reportagem de Euclides Lucas Garcia.

Veja os diferenciais de cada candidato

Luciano Ducci (PSB)
Atual prefeito de Curitiba, Ducci herdou, como vice, a administração de Beto Richa (PSDB) quando ele renunciou para se candidatar ao governo do Paraná, em abril de 2010. Agora, tem como principal trunfo justamente o apoio do tucano para garantir que o mesmo grupo que comanda a capital há 24 anos continue no poder. Joga a favor de Ducci o fato de ter nas mãos as máquinas do estado e da prefeitura, que trabalharão diretamente por sua vitória. Por outro lado, o desempenho dele numa disputa majoritária é uma completa incógnita. Até hoje, Ducci foi eleito deputado estadual e vice-prefeito duas vezes, mas é impossível saber como ele se portará no octógono quando tiver de enfrentar o oponente frente a frente. Além disso, não há como prever se Richa conseguirá transferir a quantidade de votos necessária para eleger o pupilo.
Ficha técnica
• Nome: Luciano Ducci, 57 anos
• Equipe: PSB
• Sensei: Beto Richa
• Cartel: 3 vitórias
• Tempo de TV: 10 minutos
• Especialista em: Saúde Pública
• Pontos fortes: máquinas do estado e da prefeitura, apoio de Richa, Mãe Curitibana.
• Pontos fracos: falta de carisma, insatisfação dos servidores, fantasma de Derosso.
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Rafael Greca (PMDB)
Servidor concursado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Greca já foi vereador, prefeito, deputado estadual e federal e ministro de Estado. O extenso currículo na vida pública garante a ele alto de nível de discussões nos debates eleitorais que virão pela frente, sobretudo em relação aos gargalos municipais de infraestrutura e urbanismo. Essas credenciais, no entanto, são consideradas insuficientes para dar viabilidade eleitoral a Greca na visão de seus colegas de partido. A análise se baseia no fato de o peemedebista ter perdido as duas últimas eleições que disputou para deputado estadual. O grande trunfo de Greca para sair candidato é o apoio do senador Roberto Requião, que geralmente dá a última palavra nas decisões internas do PMDB e é seguido pelos correligionários.
Ficha técnica
• Nome: Rafael Greca, 56 anos
• Equipe: PMDB
• Sensei: Roberto Requião
• Cartel: 5 vitórias e 2 derrotas
• Tempo de TV: 4 minutos
• Especialista em: Urbanismo
• Pontos fortes: capacidade de comunicação, identidade com Curitiba, experiência como prefeito.
• Pontos fracos: desgaste eleitoral, resistência do partido, histórico político conturbado.
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Ratinho Jr. (PSC)
Filho do apresentador Carlos Massa, Ratinho Jr. foi eleito deputado estadual logo aos 21 anos, em grande parte pela popularidade do pai. Na sequência, conseguiu dois mandatos de deputado federal, com as maiores votações do estado. Com essa ascensão meteórica, transformou o PSC de um nanico a um partido médio no Paraná. O parlamentar foi sondado por Ducci e Fruet para desistir da candidatura em troca de vantagens políticas. Na análise dos dois grupos, a saída dele restringiria a disputa a apenas um assalto, evitando um desgastante segundo turno. Ratinho, porém, afirma que sua candidatura não tem volta e garante que vai para a disputa como desafiante, sem nada a perder. Caindo no primeiro turno, terá o passe valorizado, porque seu apoio será decisivo para eleger o novo prefeito. Indo para o segundo, obrigatoriamente terá o apoio do oponente derrotado.
Ficha técnica
• Nome: Ratinho Jr., 31 anos
• Equipe: PSC
• Sensei: Carlos Massa (pai)
• Cartel: 3 vitórias
• Tempo de TV: 4 minutos
• Especialista em: Comunicação Social
• Pontos fortes: juventude, cacife financeiro, popularidade nas classes baixas.
• Pontos fracos: inexperiência, preconceito da classe média, sombra do pai.
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Gustavo Fruet (PDT)
Vereador de Curitiba por dois anos e deputado federal por três mandatos, Fruet sempre foi considerado um dos melhores e mais influentes parlamentares do Congresso Nacional. Apesar de ser filho do ex-prefeito e ex-deputado Maurício Fruet, foge ao estereótipo tradicional dos políticos do país e tem um perfil mais técnico. É justamente essa característica de Fruet que tem lhe causado dissabores no mundo político. Conciliador e avesso a conflitos, o hoje pedetista deixou o PMDB e, mais recentemente, o PSDB por não se impor e, assim, não conseguir emplacar seu nome como candidato a prefeito. O principal golpe aplicado pelos oponentes será questioná-lo sobre a incoerência de hoje estar no PDT e ser um aliado do PT, a quem tanto criticou enquanto esteve no ninho tucano. Além disso, Fruet nunca disputou uma eleição para o Executivo, e na disputa pelo Senado, em 2010, perdeu.
Ficha técnica
• Nome: Gustavo Fruet, 49 anos
• Equipe: PDT
• Sensei: Paulo Bernardo
• Cartel: 4 vitórias e 1 derrota
• Tempo de TV: 6 minutos
• Especialista em: Direito Público
• Pontos fortes: histórico parlamentar, apoio da classe média, herança política positiva.
• Pontos fracos: incoerência PT-PSDB, falta de ousadia, discurso muito técnico.

Dólar sobe mais de 1% mesmo com ação do BC

O dólar subiu mais de 1% ante o real nesta segunda-feira (11), mesmo com o Banco Central voltando a fazer um novo leilão de swap cambial tradicional. Segundo operadores, o mercado testou se a autoridade monetária voltaria a atuar, diante de uma oferta menor de contratos, o que ajudou a puxar a cotação para cima.
Também pesou o cenário externo mais conturbado, já que ainda segue com incertezas em relação à Espanha e à zona do euro. A expectativa agora é que o BC possa voltar a intervir no mercado nesta terça-feira.
A moeda norte-americana fechou em alta de 1,64%, cotada a R$ 2,0573. Foi a maior alta da divisa desde o dia 22 de maio, quando subiu 1,67%.
A última vez em que o BC havia atuado foi na sexta-feira, ofertando 30 mil contratos de swap, o que fez o dólar fechar em queda de 0,14%. No leilão desta segunda-feira, foram apenas 20 mil contratos, sendo que foram vendidos 8 mil papéis.
"Quando ele anunciou o swap, o dólar chegou a desacelerar, mas depois voltou a subir. Achei que talvez ele pudesse fazer outro swap. Mas ainda há alguma incerteza no exterior, essa semana há eleições na Grécia e o resgate a Espanha pode não resolver o problema", disse o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.
Para ele, o cenário externo incerto ajudou a sustentar a alta da moeda, mas o mercado também pode ter testado patamares mais altos da moeda para ver se o BC voltaria a atuar. Entre os motivos para essa reação do mercado citou a oferta menor de contratos.
O gerente ainda acredita que a autoridade monetária não quer ser previsível para o mercado, atuando sempre no mesmo patamar. Desta vez, o BC anunciou o swap com o dólar em torno de R$ 2,03 sendo que, em outras ocasiões, a moeda estava perto de R$ 2,05.
"Talvez o dólar tenha continuado a subir pelo valor do swap e talvez o BC não tenha atuado no momento certo. A moeda estava começando a descolar do exterior, mas ele podia esperar e fazer um swap com um lote maior. O mercado também testou se ele interviria de novo", disse.
Na sexta-feira, o BC havia vendido 24.400 contratos, ou 68%, da oferta de até 30 mil contratos de swap cambial tradicional -que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Na maioria dos leilões anteriores ofertou 40 mil contratos, vendendo cerca de um terço deles.
Outro operador de câmbio, que prefere não ser identificado, destacou que houve especulação no mercado. "Acho que se o BC ficar fazendo sempre as mesmas atuações, o mercado, que não é bobo, vai fazer o BC dançar no ritmo dele", afirmou. A expectativa dos operadores, agora, é que o BC possa voltar a atuar, talvez até com mais força.
"Se essa tendência continuar, nós veremos o BC atuar de novo e provavelmente com maiores ofertas. O risco é de subir mais, não há perspectiva para tomada de risco no curto prazo", disse o estrategista de câmbio para a América Latina da BBVA, em Nova York, Alejandro Cuadrado.

Porta-aviões indiano à espera de 120 dias de testes

© www.solid-msk.ru

No dia 8 de junho, o porta-aviões da Marinha indiana Vakramâditya sairá para provas de mar. O porta-aviões, que antes pertencia à Marinha russa e tinha o nome de Admiral Gorshkov, foi vendido à Índia em 2004 e, desde 2008, encontrava-se em fase de modernização nos estaleiros russos Sevmash. No dia 4 de dezembro, o navio será entregue a Nova Deli.

 

Durante as provas de mar serão testados todos os mecanismos e verificadas as características de navegabilidade do navio, disse numa entrevista à Voz da Rússia o perito militar Andrei Frolov:
“Em primeiro lugar vai ser testada a resposta ao leme, os sistemas de energia, raio de ação, parâmetros de velocidade, manobrabilidade e outros. Em princípio, já aconteceu que durante as provas se verificou que algum mecanismo não estava a funcionar devidamente, mas no caso do Vakramâditya (Omnipotente), os peritos estão otimistas e a probabilidade de haver falha de algum dos sistemas é reduzida”.
No entanto, para a tripulação e para os construtores as provas previstas são de uma enorme responsabilidade, sublinha Andrei Frolov:
“Uma grande parte do equipamento instalado no navio é nova, não tem equivalentes. Além disso, já há muito tempo que na Rússia não se testavam navios tão grandes e há muitas tarefas complexas tanto para a tripulação que vai proceder à entrega, como para o estaleiro. Durante as provas de mar, o navio terá a bordo especialistas em construção naval de ambos os países, assim como uma tripulação russo-indiana.”
Depois de duas semanas de testes de mar, que serão realizados no mar de Barents, o Omnipotente irá iniciar os testes dos sistemas aéreos. Segundo o contrato, o navio terá a bordo caças MiG-29K e helicópteros Kamov Ka-27 e Ka-31.
O contrato de compra do navio foi assinado entre os dois países em 2004. Em 2008, iniciou-se a sua modernização nos estaleiros russos da Sevmash. O valor do contrato foi de mais de 2 bilhões de dólares. A Rússia não só participou nos trabalhos de reparação, como procedeu à formação da tripulação e dos especialistas indianos. Igualmente de acordo com o contrato, Moscou ajuda Nova Deli com a preparação da infraestrutura de apoio ao navio na base naval de Mumbai.
A Índia é um dos principais e mais antigos parceiros da Rússia na compra de material de guerra e armamento. Nova Deli compra a Moscou blindados, caças e helicópteros num valor médio anual de um bilhão de dólares. Pela parte naval, além do porta-aviões, já tinham sido assinados contratos para a compra de fragatas Talwar e do submarino Nerpa .

Rússia exibirá armas únicas

A Rússia exibirá novas amostras do material bélico, meios da defesa anti-aérea e armas ligeiras na exposição internacional de armamentos e material bélico para as tropas terrestres Eurosatory 2012, a realizar-se entre 11 e 15 de junho, em Paris.
Além do mais, a Rússia exibirá armamentos únicos tais como o tanque modernizado T-90S, um dos melhores no mercado mundial pelo conjunto das caraterísticas técnicas, bem como o carro de apoio aos tanques Terminator, que não tem iguais no mundo.

Submarinos ampliam alcance de mísseis de Israel

Com a ajuda da tecnologia alemã, israelenses dotam-se de uma plataforma nuclear que pode ser de grande utilidade no caso de um confronto com o Irã
O oficial da Marinha encarregado de receber os visitantes surge no deque inferior, dá meia volta e diz: "Bem-vindos a bordo do Tekumah. Bem-vindos ao meu brinquedo". O Tokumah é um dos submarinos recebidos recentemente da Alemanha por Israel.
Nos deques 2 e 3, os submarinos contêm um segredo conhecido por poucos mesmo em Israel: ogivas nucleares, pequenas o bastante para serem armadas num míssil de cruzeiro, mas potentes o bastante para produzir uma explosão devastadora. Esse segredo é considerado um dos mais bem guardados da história militar moderna. Qualquer um que fale abertamente no assunto em Israel corre o risco de ser sentenciado a longo período de prisão.
Pesquisas realizadas pela Spiegel na Alemanha, em Israel e nos EUA mostram que, com a ajuda da tecnologia marítima alemã, Israel criou para si um arsenal nuclear flutuante composto por submarinos de capacidade nuclear. Trata-se de uma plataforma capaz de ampliar o alcance e a precisão de mísseis israelenses - de grande utilidade no caso de um confronto com o Irã, por exemplo.
Jornalistas estrangeiros nunca subiram a bordo de uma dessas embarcações de combate antes. Numa incomum demonstração de transparência, políticos do alto escalão do governo e oficiais militares do Estado judaico mostraram-se agora dispostos a comentar a importância da cooperação militar alemã-israelense e do papel desempenhado pela Alemanha, ainda que sob a condição de anonimato. "No fim, é tudo muito simples", diz o Ministro da Defesa, Ehud Barak. "A Alemanha está ajudando a defender Israel. Os alemães podem se orgulhar do fato de terem garantido a existência do Estado de Israel pelos próximos anos."

Bioetanol - Programa brasileiro enfrenta sua maior crise

FAPESP via Jornal da Ciência

O Brasil precisa criar políticas públicas para assegurar a continuidade do programa de bioetanol brasileiro e evitar ou minimizar as sucessivas crises pelas quais tem passado desde que foi criado na década de 1970, sob a alcunha de Programa Nacional do Álcool (Proálcool), para enfrentar os choques de preço do petróleo.
A avaliação foi feita por representantes do governo, de instituições de pesquisa e das indústrias sucroalcooleira e automotiva, que participaram diretamente dos processos de planejamento, implantação e construção do Proálcool, durante o seminário "O renascimento do bioetanol brasileiro: os fundadores do Proálcool", realizado pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP) no dia 4 de junho.
Na opinião de participantes do evento, de todas as crises pelas quais o programa de bioetanol brasileiro passou ao longo das últimas décadas, a que está vivendo hoje - caracterizada pela estagnação da produção do álcool no país e o elevado endividamento de diversas usinas - é a mais grave. Isso porque ela depende de uma intervenção do governo para ser solucionada, enquanto as crises anteriores foram sanadas por meio de soluções tecnológicas.
"A crise atual é a mais séria, porque depende de políticas públicas para corrigir a distorção do preço da gasolina, que está congelado, enquanto os custos de produção do álcool e da cana dobraram nos últimos oito anos", disse Maurílio Biagi Filho, pertencente a uma tradicional família de usineiros do país que fundou a usina Santa Elisa e um dos primeiros signatários do Proálcool.
A opinião de Biagi Filho foi compartilhada por Cícero Junqueira Franco, fundador da Usina Vale do Rosário e um dos idealizadores do Proálcool juntamente com o engenheiro Lamartine Navarro Júnior (1932-2001). "É preciso iniciar uma prática de política pública para o álcool. Até hoje estamos patinando nesse quesito, o que gera insegurança tanto para os produtores de álcool como para os consumidores", avaliou Franco.
De acordo com os participantes do evento, a fase áurea do Proálcool teve início em 1979 - quando houve a segunda crise do petróleo e o álcool se tornou viável - e terminou em 1985. Nesse período, em que houve um esforço governamental para tornar o álcool competitivo em relação ao petróleo, foram criadas mais de 200 destilarias autônomas - situadas principalmente no Estado de São Paulo - dedicadas a produzir exclusivamente álcool.
Além disso, algumas montadoras instaladas no Brasil, como a Fiat e a Volkswagen, iniciaram a produção de automóveis movidos a álcool, que chegaram a representar 90% da frota de veículos novos comercializados no País. E instituições de pesquisa, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), reativaram seus programas de pesquisa e desenvolvimento de motores automotivos.
Porém, esse ciclo virtuoso do combustível no País começou a ser interrompido em 1985, quando o preço do petróleo voltou a cair e foram retirados os subsídios para a produção do álcool hidratado, que começou a faltar nas bombas dos postos de gasolina em 1989, abalando a credibilidade do programa.
"A falta de etanol nos postos foi um acontecimento dramático, porque eram veículos totalmente dedicados a esse tipo de combustível. Não tinha como abastecer os carros com gasolina", relembrou Georg Pischinger, engenheiro austríaco, que desenvolveu o motor a álcool utilizado pela subsidiária brasileira da Volkswagen nos modelos de automóveis Kombi, Fusca, Passat e Brasília fabricados na época.
Uma das soluções desenvolvidas em instituições de pesquisa e montadoras para tentar salvar o programa foi uma mistura de etanol, metanol e gasolina. Conhecida como "mistura MEG", o composto, formado por 60% de etanol hidratado, 34% de metanol e 6% de gasolina, possuía as mesmas características do etanol e dispensava a necessidade de serem feitas modificações nos veículos movidos a álcool.
Com essa e outras medidas, como a continuidade da adição de 25% de álcool anidro na gasolina, o Proálcool conseguiu sobreviver e as indústrias automotivas continuaram trabalhando no desenvolvimento de tecnologias, principalmente de injeção eletrônica, para automóveis movidos a álcool.
Isso tudo, segundo os pesquisadores presentes no evento, resultou na criação das bases para o desenvolvimento do sistema flex fuel no Brasil em 2003, que foi o grande responsável por recuperar a confiança do consumidor brasileiro no etanol.
"A tecnologia flex fuel já estava pronta. A inovação, nesse caso, não foi tecnológica, mas sim de marketing, que convenceu a população a voltar a utilizar o álcool combustível", disse Francisco Nigro, pesquisador do IPT que participou do desenvolvimento de motores a álcool na instituição de pesquisa.
Lições do Proálcool - Nigro lembrou que, apesar de o preço do álcool estar em baixa no início dos anos 2000 - quando o preço do petróleo voltou novamente a subir -, e da mobilização do governo e de entidades setoriais para retomar a produção de veículos movidos ao combustível, o consumidor se mantinha indiferente, sinalizando que era o momento oportuno para o lançamento de veículos flex fuel para recuperar a credibilidade do combustível alternativo.
Entretanto, os próprios usineiros e as montadoras não eram favoráveis aos veículos flex fuel, os quais os últimos comparavam a um pato - que anda, nada e voa, mas que não desempenha nenhuma dessas funções direito. "Era essa visão que se tinha dos carros flex fuel antes de serem lançados. E nós rebatíamos dizendo que o pato era um animal otimizado, que sobreviveu à evolução das espécies", relembrou Nigro.
Em 2000, durante as comemorações do centenário do IPT, a instituição de pesquisa realizou um seminário sobre veículos bicombustível, que reuniu representantes de empresas que desenvolviam o sistema flex fuel e foram feitas demonstrações da tecnologia para a imprensa, contribuindo para sua divulgação e para convencer os integrantes da cadeia de bioetanol sobre sua viabilidade.
"Uma das lições que podemos tirar da história do Proálcool no Brasil nesses quase 40 anos é que, mesmo que não se beneficiem diretamente das patentes geradas pelo desenvolvimento de uma tecnologia, as instituições de pesquisa desempenham um papel importante de ajudar a convencer o conjunto do setor de que aquela tecnologia faz sentido", disse Nigro.
De acordo com o pesquisador, outra conclusão do programa, reconhecido mundialmente como o de maior sucesso na inserção de fontes renováveis na matriz de combustíveis, é que ele necessita de ações coordenadas entre as várias esferas, incluindo governo, instituições de pesquisa, indústrias e sociedade. "Essa mobilização em conjunto representa o principal desafio de um programa de energia. No caso do etanol, nós conseguimos e precisamos continuar a fazer isso", destacou Nigrou.
As experiências dos fundadores do Proálcool estão sendo registradas e reunidas por pesquisadores do IEE da USP em um projeto coordenado pelo professor Ildo Luís Sauer.