domingo, 3 de junho de 2012

Venda de armas russas irrita EUA

Os Estados Unidos subiram ontem o tom de suas críticas à conduta da Rússia na crise da Síria, em especial uma suspeita de fornecimento de armas para o regime de Bashar Al-Assad, denunciado pela embaixadora norte- americana nas Nações Unidas, Susan Rice.

Referindo-se à chegada de um navio russo ao país, no fim de semana, a diplomata ponderou que "não se trata, tecnicamente, de uma violação das leis internacionais, pois não está em vigor um embargo", mas ressaltou sua preocupação, "já que o governo sírio continua usando força letal contra a população civil". A secretária de Estado Hillary Clinton voltou à carga contra o bloqueio de Moscou a qualquer resolução que abra as portas a uma intervenção. "Os russos me disseram que não querem uma guerra civil (na Síria).

Eu lhes disse que sua política contribuirá para (deflagrar) a guerra civil", disse Clinton a estudantes na Dinamarca.

O impasse no Conselho de Segurança da ONU, onde Rússia e China mantêm a decisão de vetar qualquer iniciativa externa em relação ao conflito, levou a Casa Branca a reafirmar o compromisso do presidente Barack Obama com os organismos multilaterais.

Na véspera, Susan Rice havia sugerido que, diante da paralisia, "os países-membros e a comunidade internacional terão apenas a opção de considerar se estão preparados para tomar ações fora da autoridade do conselho". O porta-voz de Obama, Jim Carney, reiterou que o presidente está "horrorizado" com o massacre de 108 civis na última sexta-feira, em Houla, mas ponderou que "apesar de seu enorme poder (militar)", os EUA devem "trabalhar com os parceiros e aliados" no esforço de conter a matança.

Para o diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado da Flórida, Eric Wiebelhaus- Brahm, Obama prefere agir no âmbito da ONU, como destacou na campanha vitoriosa à eleição presidencial de 2008. "O governo poderá dizer que a Rússia e a China estão obstruindo a ação.

Mas é altamente improvável que os EUA intervenham unilateralmente no conflito, embora haja uma chance de o país ajudar os rebeldes", disse o especialista ao Correio.
Investigação Resultados preliminares de investigações feitas por observadores da ONU apontaram "fortes suspeitas" da participação de milícias pró-Assad no massacre de Houla.

Já as autoridades sírias acusam "grupos armados" pelas 108 mortes. De acordo com o general Kassem Jamal Sleimane, chefe da comissão oficial de inquérito, os executados seriam civis que teriam se recusado a lutar contra o governo. Militantes da oposição denunciaram ontem novos bombardeios do Exército sobre a área central da cidade, além de ataques às localidades de Taldo e Kafarlaha, de onde 90% dos habitantes teriam fugido.

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