O Egito anulou seu acordo com a companhia egípcia que exporta gás a Israel por
não respeitar algumas das cláusulas do contrato, afirmou neste domingo o
presidente de uma holding governamental à AFP.
A holding Egas e a autoridade geral egípcia do petróleo "anularam na
quinta-feira seu contrato com a companhia egípcia East Mediterranean que
exportava gás a Israel, já que a companhia não respeitou as condições
estipuladas pelo contrato", afirmou à AFP Mohammed Chuaib, presidente da
Egas.
A venda de gás a Israel, assinada em um acordo de paz com o Egito em 1979,
sempre foi controversa no país mais populoso do mundo árabe. Foi o maior acordo
comercial entre os dois ex-inimigos.
Um duto na Península do Sinai usado para fornecer gás egípcio para Israel e
Jordânia foi atingido por uma explosão em 9 de abril, no décimo quarto ataque do
tipo desde a revolta que tirou o presidente Hosni Mubarak do poder em fevereiro
de 2011.
O Egito tem enfrentado problemas relacionados à segurança desde as revoltas.
O fornecimento de gás a Israel, estabelecido durante o governo Mubarak, têm sido
alvo de críticas no Egito. Israel gera 40% de sua eletricidade com gás natural,
e o Egito fornece 43% de seu abastecimento.
Apesar de Israel não ter reagido imediatamente após o cancelamento do acordo,
uma companhia com ações na EMG, um consórcio egípcio-israelense, informou estar
considerando ações legais contra a EGAS. "A EMG considera o cancelamento do
contrato uma ação ilegal e de má fé, e, consequentemente, pedirá sua anulação",
afirmou a Ampal-American Israel Corp em um comunicado.
"EMG, Ampal, e outros acionistas internacionais da EMG consideram suas opções
legais assim como recorrer a vários governos", informou a companhia. "A EMG
procura compensações da EGPC e da EGAS por danos causados pelo rompimento
contratual."
As exportações para Israel foram lançadas em 2008, três anos depois do acordo
cercado de graves críticas por parte da Irmandade Muçulmana egípcia. Em um
contrato de 15 anos envolvendo US$ 2,5 bilhões, a EMG comprometeu-se a vender
1,7 bilhão de metros cúbicos de gás anualmente.
Em janeiro, um advogado de defesa de Mubarak disse a um tribunal no Cairo que
não havia evidências relacionando o ex-presidente egípcio ao controverso acordo
de gás.
Farid al-Deeb disse que a agência de espionagem egípcia negociou o acordo em
linha com as normas internacionais.
"Não há uma única evidência de que Mubarak esteja envolvido no acordo para
exportar gás a Israel", a um custo de US$ 714 milhões para o Estado em perdas,
disse Deeb ao tribunal
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