Começou com a distribuição de pipoca, chocolate, bala e paçoca
a Semana de Barba, Bigode e Baseado, evento promovido por alunos da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
Cerca de 60 participantes do evento assistiam na noite de ontem ao filme Maria
Cheia de Graça, a história de uma garota colombiana que engole cápsulas com
drogas para levar aos Estados Unidos.
A sessão de cinema foi no Espaço Verde, uma sala da FFLCH. Nas
paredes do local foram colocados cartazes com o recado: 'Não porte substâncias
ilícitas. O uso de drogas pode ser prejudicial à saúde, à família, à tradição e
à propriedade', em uma alusão à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição,
Família e Propriedade (TFP).
Os organizadores afirmam que não serão fornecidas drogas no
evento, mas alguns estudantes fumavam maconha durante a exibição do filme, neste
primeiro dia.
O evento vai até sexta-feira. O objetivo dos organizadores,
ligados à Frente Uspiana de Mobilização Antiproibicionista (Fuma), é discutir a
legalização da maconha. O movimento foi fundado no fim do ano passado, em meio
aos protestos surgidos após a Polícia Militar flagrar três estudantes com
maconha na FFLCH. Revoltados com a ação policial, alunos invadiram o prédio da
diretoria da faculdade e, depois, um grupo menor ocupou a reitoria da USP.
Os estudantes dizem ter ficado surpresos com o número de
participantes no primeiro dia. Eles não se identificam mais como alunos, só
falam em nome da organização. 'Esse tipo de atividade fica vazia na USP,
principalmente no horário de aula.'
Aluno da licenciatura em Geociências e Educação Ambiental,
Renan Covre, de 24 anos, saiu do Instituto de Geociências (IGC) para ver o
filme. Ele se interessa pelo tema porque desenvolve um projeto em escolas de
ensino fundamental cujo objetivo é verificar a reação das crianças a temas como
drogas, sexo e religião. 'A legalização da maconha está sendo discutida pela
sociedade, e a universidade é um ótimo lugar para que isso aconteça', disse.
Já o aluno de Filosofia Fábio Fernandes, de 26 anos, nem sabia
por que havia tanta gente no Espaço Verde, onde ele jogava ping-pong no
intervalo entre aulas. Quando descobriu o motivo da concentração - e de parte
das luzes estarem apagadas - disse que era a favor da legalização, 'mas não
perderia aula para participar de um evento como esse'.
Cervejada. No último dia de discussões será realizada uma
cervejada no local em que os policiais militares flagraram o consumo de maconha
e houve confronto com estudantes. O dinheiro arrecadado com a venda de bebidas
será revertido para a Marcha da Maconha, movimento que defende a legalização da
droga no Brasil.
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