Colonos judeus se instalaram pela primeira vez no bairro Beit Hanina de
Jerusalém Oriental, após ganharem uma batalha judicial contra uma família
palestina que vivia em duas casas e foi desalojada, anunciaram a polícia e
organizações de defesa dos direitos humanos.
Um porta-voz da polícia israelense, Luba Samri, confirmou nesta quarta-feira
a retirada dos 14 membros da família Natshe.
"Um tribunal decidiu recentemente que essas duas casas pertencem aos judeus.
Os ocupantes de uma delas saíram por vontade própria há algumas semanas, e para
tirar os da segunda a atuação da polícia foi necessária", explicou à AFP.
Uma das desalojadas, Lubna al-Natshe, afirmou que toda a mobília de sua
família foi retirada.
"Vieram às oito da manhã (02h00, horário de Brasília) para nos desalojar, e
quando meu marido tentou resistir, agrediram ele e o prenderam", conta a mulher,
destacando que a família de seu esposo vivia ali há cerca de 60 anos.
Os policiais "afirmaram que os colonos haviam comprado essa casa há 73 anos",
disse, surpresa.
Uma porta-voz do movimento anticolonização israelense ''A Paz Agora'', Hagit
Ofran, confirmou a existência de reivindicações contraditórias nos terrenos em
que as casas foram construídas.
"Antes de 1948 (ano da criação do Estado de Israel), viviam aqui judeus e
alguns compraram partes da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental", explicou a
porta-voz, esclarecendo que esses terrenos passaram para o controle jordano após
a primeira guerra entre árabes e israelenses.
"No entanto, os palestinos também dizem ter comprado esses terrenos, mais ou
menos na mesma época", acrescentou.
Depois da anexação de Jerusalém Oriental na guerra de junho de 1967, Israel
proclamou toda a cidade como sua capital "eterna e indivisível". Já os
palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital de seu futuro Estado.
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